A proposta do artigo é apresentar, a contrapelo da monotemática da violência na pauta cotidiana da mídia, um panorama da cooperação futebolística e do associativismo juvenil no Brasil. A demonstração será feita com base na descrição de experiências concretas de criação de entidades representativas de torcedores. Amparados em elementos históricos, antropológicos e sociológicos, visa-se oferecer um painel do conjunto de iniciativas protagonizadas por lideranças de torcidas organizadas no país. A ação destes líderes e destas entidades pautou-se na busca pela superação dos níveis de intolerância interclubes, na procura pela representatividade entre seus associados e na tentativa de conquistar uma legitimidade frente aos demais atores do futebol, quer sejam dirigentes esportivos, profissionais dos meios de comunicação, corporações policiais, entre outros. A metodologia ampara-se em observações da pesquisa de campo etnográfica e em entrevistas qualitativas, baseadas em um roteiro semiestruturado, realizadas pelos autores entre os anos de 2010 e 2014. O método permitiu o enquadramento da trajetória de algumas das lideranças mais representativas, possibilitando o entendimento dos sentidos e dos significados específicos atribuídos pelos mesmos à fundação de uma entidade defensora e mobilizadora dos direitos dos agrupamentos de torcedores no Rio de Janeiro – FTORJ, Federação de Torcidas Organizadas (2008) – e no Brasil – ANATORG, Associação Nacional de Torcidas Organizadas (2014).
Palavras-chave: Futebol; Associativismo Juvenil; Violência; Brasil contemporâneo