O artigo analisa narrativas de jornais brasileiros sobre os cinco jogos disputados pelo Brasil na Copa do Mundo FIFA 2018, entre os dias 17 de junho e 07 de julho daquele ano. O objetivo é compreender o tratamento dado por essas mídias à relação entre futebol e virilidade, tendo na figura do jogador Neymar Junior a âncora analítica. O objeto empírico é constituído pelas capas dos jornais Super Notícia, Folha de S. Paulo e O Globo, líderes em publicação à época do campeonato. As textualidades jornalísticas veiculadas durante o período da Copa do Mundo de 2018 se apresentam como uma rica empiria, potencializando disputas simbólicas, acionamento de valores, ideais e estereótipos e a interlocução entre futebol e virilidade presentes no imaginário social. Para empreender a análise, utilizou-se um método de base semiótica semelhante ao método desenvolvido por Erwin Panofsky (2002). O procedimento contempla basicamente dois momentos: o primeiro, em que predomina a “objetividade”, considerando o tipo de objetividade possível de ser obtido em uma análise realizada por sujeitos históricos; e outro, mais subjetivo, no qual o analista faz uso das sugestões e redundâncias percebidas no primeiro momento, comparando-as com os dados de contexto (interno e externo à imagem), também levantados no primeiro momento. Como eixo teórico, foram acionadas discussões a respeito de virilidade, celebridade, enquadramento e mídia esportiva. Nas considerações finais, salienta-se que as características que definem um ídolo do futebol podem estar mudando na contemporaneidade. O surgimento e a consagração de novos ídolos e os valores que eles representam tensionam questões importantes nas relações entre futebol, mídia e sociedade. Destaca-se o imperativo da vitória no futebol-resultado, os vínculos do esporte com o nacionalismo e a relação dos ídolos com torcedores ou seguidores. É possível pensar que, no contexto contemporâneo, o público espera de seu ídolo outra coisa que não apenas liderança em campo e títulos, ou mesmo dignidade na derrota. É possível que eles não se identifiquem apenas com uma nação, mas também fortemente com um estilo de vida.
Palavras-chave: futebol, virilidade, Neymar, Copa do Mundo, seleção brasileira.