Neste artigo demonstra-se como o espaço do futebol, produtor de um fenómeno polarizador de grande atração social, sofreu várias transformações ao longo do sec. XX emergindo, a partir da presença e ação dos meios de comunicação, significativas sociohabilidades tendentes à contenção dos impulsos e ao aumento do autocontrolo emocional nos estádios. Exploram-se as configurações e mutações operadas desde a massa uniforme, desindividualizada e irrelevante até à condição indivisível e valorizada do espetador como o décimo segundo jogador. Concebe-se um estudo demonstrador do processo civilizacional nos estádios, evidenciando-se o papel da rádio como mediador dos sentidos e as mudanças associadas à transformação do espetáculo futebolístico em hiperespetáculo televisivo, responsável pelo ampliar do palco e introdução nas bancadas de elementos tendentes ao controlo da excitação individual através da exploração de técnicas do corpo, e do poder da disciplina, com vista à artealização do adepto.
Palavras-chave: Futebol, mídia, excitação, artealização, autocontrolo.