Esta tese objetiva analisar, à luz dos filmes produzidos pela Carriço Filme, os divertimentos em Juiz de Fora (MG) durante o período de 1934 a 1956, problematizando a narrativa dos acontecimentos ligados à diversão e os aspectos socioculturais presentes nos filmes, buscando captar os processos de produção de sentidos nas práticas sociais apresentadas nos cinejornais. A metodologia abarcada consistiu, primordialmente, na análise das cenas fílmicas aliadas a dados documentais secundários. Também foram consultados, em menor quantidade, arquivos pessoais e institucionais, além de relatos memorialísticos. A interpretação das fontes foi pautada pela identificação dos temas mais recorrentes nos filmes da produtora. Para isso, os filmes contidos na obra Cinejornal Carriço foram considerados, elaborada pela Cinemateca Brasileira. Essa publicação possui as descrições dos cinejornais feitas pelos técnicos da cinemateca. Diante disso, analisando os dados levantados, esta tese se dedica a analisar os filmes sobre carnaval e futebol. Ressalta-se que essas temáticas foram selecionadas durante a primeira fase da pesquisa documental sobre o acervo da Carriço Filme, uma vez que esta possui um volumoso material que se dedica a registrar os divertimentos juiz- foranos. Além disso, foi realizada, durante todo o período da escrita da tese, a pesquisa bibliográfica que pudesse subsidiar as análises aqui tecidas. Em síntese, pôde-se constatar que os filmes que versam sobre o carnaval associam Juiz de Fora a partir de um ethos de cidade moderna e progressista, colocando-a em destaque quando comparada a outros municípios mineiros. Além disso, a narrativa fílmica busca reforçar divisões e dualidades claras de “trabalho e não trabalho”, “ordem e desordem”, realçando o poder da religião, da educação e do trabalho na construção de um ideário de homem. Ainda, os filmes marcam uma dualidade entre “carnaval interno”, aquele de clubes e salões, e “carnaval de rua”. Já o futebol realça as imagens dos torcedores, em muitos casos, como uma massa amorfa e numerosa. Porém, os registros imagéticos demonstram que, nas arquibancadas e no entorno do jogo, existiam seções, diferenciações e, até mesmo, maiores realces, inclusive, esse fato é transportado para o roteiro dos cinejornais. Imagens de mulheres, policiamento, imprensa esportiva e crianças são recorrentes. Além disso, há exibição dos avanços na melhoria e construção de sedes esportivas dos clubes. Os aspectos de diversão foram expostos associados à industrialização, à urbanização e à modernização da cidade. Isso porque, em ambas essas manifestações culturais, não parece haver indícios capazes de problematizar aspectos como as desigualdades e as incongruências urbanas de Juiz de Fora. Contudo, as imagens demonstram como essas manifestações reforçavam o status quo de determinados grupos, enquanto outros tinham suas práticas silenciadas.
Palavras-chave: Cinejornal. Carriço Filme. Diversão. Carnaval. Futebol.