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Dissertação

É gol! Deus é 10

A religiosidade no futebol profissional paulista e a sociedade de risco
Ano

2005

Faculdade/Universidade

Departamento de Teologia e Ciências da Religião, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Orientador(a)

Frank Usarski

Tema

Dissertação

Área de concentração

Mestrado em Ciências da Religião

Páginas

290

Arquivos

Resumo

Este trabalho procurou investigar as manifestações de religiosidade no futebol profissional paulista. Dentro do universo de pesquisa, escolhemos cinco equipes que disputam a primeira divisão do campeonato estadual (Sport Club Corinthians Paulista, Santos Futebol Clube, Sociedade Esportiva Palmeiras, São Paulo Futebol Clube e Associação Desportiva São Caetano). Os principais motivos da escolha dessas equipes foram: o grande espaço a elas atribuídas pelos meios de comunicação; por serem de “massa” ou “emergentes”; e também por serem o “objeto do desejo” de muitos atletas iniciantes e mesmo de profissionais consagrados do futebol.
De modo a entender a grande presença da religião e da religiosidade percebidas nos gramados brasileiros em tempos recentes – através de manifestações e relatos de atletas e integrantes de comissões técnicas –, buscamos trabalhar em duas linhas, uma de caráter teórico-bibliográfico e, a outra, de caráter empírico. O caminho percorrido se iniciou pela colocação, em um contexto de pesquisa, dos aspectos representativos do futebol e suas conexões com a religião/religiosidade ao redor do mundo. O trabalho parte de uma História do futebol (das práticas “proto-futebolísticas” ao esporte moderno) e, a partir dela, à conexão com a realidade brasileira e paulista. Mostramos, em seguida, as conexões dentro das equipes do nosso objeto de estudo e, também, como foi constituído nosso trabalho de campo.
Para compreender o porquê das manifestações de religiosidade no futebol, empregamos a teoria da Sociedade de Risco, de Ulrich Beck e, elementos da Sociedade do Espetáculo, de Guy Debord, que são essenciais para a dissertação.
A aproximação das teorias risco/espetáculo em relação à realidade brasileira e, principalmente, ao “esporte das multidões”, em conjunto com a pesquisa de campo (realizada com vinte personagens do futebol), nos permitiram concluir que o risco é um dos grandes motivadores das manifestações de religiosidade no futebol. Ou seja, o espiral risco/espetáculo, fruto do sistema sócio-econômico capitalista, competitivo e excludente, é determinante para a compreensão de nosso trabalho.

Abstract

Our research was focused on analyzing religious manifestations in the professional soccer league, in the state of São Paulo. We have chosen five teams that compete on the first division league (Sport Club Corinthians Paulista, Santos Futebol Clube, Sociedade Esportiva Palmeiras, São Paulo Futebol Clube and Associação Desportiva São Caetano). The main reasons for choosing these five teams were: they receive massive exposition on mass media; they have a great number of fans and/or they are emerging teams; they are the “desire’s object” of begginers and mature professional soccer players.
In order to understand the great presence of religion and religiosity in the Brazilian soccer in the past few years – through interviews and accounts with athletes, coaches and staffs -, we worked in two different ways: theoretical-bibliographical and empirical. The process began with the contextualization of the soccer representative aspects and its connections with the religions/religiosity around the world, including Brazil and focusing in São Paulo. On the following, we show the connections among the teams, which are our study subject, and the way of our study was organized.
To provide a better comprehension about the reasons of why it’s possible to observe so many religious manifestations in soccer environment, we use the theory of Risk Society, by Ulrich Beck, and elements of Society of the Spectacle, by Guy Debord, which was essential for this dissertation.
The approach of the two theories, Risk and Spectacle, to the Brazilian reality and mainly to the “massive sports”, in connection with the research field (with a sample of 20 soccer professionals), allowed us to conclude that the associated risk is on of the main motivation to the manifestations of soccer religiosity. So, the Risk/Spectacle theory, caused from the competitive and excludent capitalist system which has a major importance for the full comprehension of this study.

Sumário

Introdução: “A benção, João de Deus!” – Dentro e Fora do Campo, 13
 
PRIMEIRA PARTE
 
Futebol e religião: denotações
1 – O apito inicial, 24
1.1 – Considerações preliminares, 24
1.2 – Rolando a bola pela História, 24
1.2.1 – A conquista da força e do respeito, 28
1.2.2 – O globo, a bola e os deuses, 32
1.3 – Reflexões sobre o futebol no Brasil, 38
1.3.1 – O esporte que “caiu no gosto” do povo, 40
1.3.2 – “Deus de chuteiras” – aspectos marcantes da religiosidade
entre atletas, técnicos e dirigentes, 45
1.4 – Da “várzea” à “elite”: o futebol em São Paulo, 53
1.4.1 – O futebol paulista contemporâneo, 56
1.4.2 – A “18ª regra” do futebol: Religião, 59
1.5 – Conclusões ao capítulo, 63
 
2 – A religiosidade em cinco equipes de futebol de São Paulo, 64
2.1 – Considerações preliminares, 64
2.2 – Lógicas e valores, 64
2.2.1 – Situação vigente, 67
2.3 – O perfil das cinco equipes principais do futebol paulista, 69
2.3.1 – Sport Club Corinthians Paulista, 71
2.3.2 – Santos Futebol Clube, 72
2.3.3 – Sociedade Esportiva Palmeiras, 72
2.3.4 – São Paulo Futebol Clube, 73
2.3.5 – Associação Desportiva São Caetano, 73
2.4 – No sucesso ou no fracasso: “Deus é fiel”, 74
2.4.1 – A leitura religiosa do futebol na mídia, 75
2.4.2 – Será que “O domingo é para Deus, não para esportes e outras diversões”?, 81
2.4.3 – Sport Club Corinthians Paulista, 85
2.4.4 – Santos Futebol Clube, 89
2.4.5 – Sociedade Esportiva Palmeiras, 91
2.4.6 – São Paulo Futebol Clube, 95
2.4.7 – Associação Desportiva São Caetano, 98
2.5 – Conclusões ao capítulo, 101
 
3 – Constituição e apresentação dos dados da pesquisa, 103
3.1 – Considerações preliminares, 103
3.2 – Universo e limites da pesquisa, 103
3.2.1 – O perfil religioso dos clubes, 104
3.2.2 – O perfil social dos entrevistados, 105
3.2.3 – O perfil religioso dos entrevistados, 106
3.2.3.1 – Religiosidade pessoal, 107
3.2.3.2 – Opinativo sobre questões referentes ao futebol enleado à religião, 108
3.2.3.3 – Vida, perspectiva e história, 110
3.2.4 – Os integrantes de comissão técnica, 110
3.2.4.1 – Religiosidade pessoal, 110
3.2.4.2 – Opinativo sobre questões referentes ao futebol enleado à religião, 112
3.2.4.3 – Vida, perspectiva e história, 115
3.2.5 – Os atletas, 116
3.2.5.1 – Religiosidade pessoal, 116
3.2.5.2 – Opinativo sobre questões referentes ao futebol enleado à religião, 118
3.2.5.3 – Vida, perspectiva e história, 121
2.5 – Conclusões ao capítulo, 121
 
SEGUNDA PARTE
 
Reflexões teóricas
4 – A sociedade de risco, 123
4.1 – Considerações preliminares, 123
4.2 – Conceituando o risco, 123
4.3 – A produção dos riscos, 130
4.4 – O risco em nossas vidas, 142
4.5 – Risco em aldeia global, 158
4.6 – Conclusões ao capítulo, 172
 
5 – Brasil, sociedade de risco e espetáculo, 174
5.1 – Considerações preliminares, 174
5.1.1 – Conceito de crise, 174
5.1.2 – Tipos de crise, 175
5.2 – Raízes do risco no Brasil, 175
5.2.1 – Efeitos da crise brasileira, 177
5.3 – O “Brave New World” como motor de crises, 178
5.3.1 – A distribuição de renda como motor de crises, 179
5.3.2 – A tentativa brasileira de superação da crise, 180
5.4 – Conceituando a Sociedade do Espetáculo, 180
5.5 – Conclusões ao capítulo, 182
 
TERCEIRA PARTE
 
Análise e discussão
6 – Futebol e a sociedade de risco, 184
6.1 – Considerações preliminares, 184
6.2 – Cenários do futebol na sociedade de risco, 185
6.3 – Conclusões ao capítulo, 206
 
7 – “Vamos para o jogo com muita fé, garra e determinação”: interpretações das entrevistas, 207
7.1 – Considerações preliminares, 207
7.2 – Tendência geral, 208
7.2.1 – Religiosidade pessoal, 208
7.2.2 – Opinativo sobre questões referentes ao futebol enleado à religião, 211
7.2.3 – Vida, perspectiva e história, 214
7.3 – Os integrantes de comissão técnica, 216
7.3.1 – Religiosidade pessoal, 216
7.3.2 – Opinativo sobre questões referentes ao futebol enleado à religião, 218
7.3.3 – Vida, perspectiva e história, 221
7.4 – Os atletas, 222
7.4.1 – Religiosidade pessoal, 222
7.4.2 – Opinativo sobre questões referentes ao futebol enleado à religião, 225
7.4.3 – Vida, perspectiva e história, 227
7.5 – Confrontações, Conotações e Imbricações entre os resultados das entrevista dos integrantes de Comissão Técnica e Atletas, 230
7.5.1 – Religiosidade pessoal, 230
7.5.1.1 – Características comuns, 230
7.5.1.2 – Principais diferenças, 233
7.5.2 – Opinativo sobre questões referentes ao futebol enleado à religião, 235
7.5.2.1 – Características comuns, 235
7.5.2.2 – Principais diferenças, 238
7.5.3 – Vida, perspectiva e história, 239
7.5.3.1 – Características comuns, 239
7.5.3.2 – Principais diferenças, 241
7.6 – Conclusões ao capítulo, 241
 
8- Síntese dos resultados da pesquisa, 242
8.1 – Capítulo 1, 242
8.2 – Capítulo 2, 243
8.3 – Capítulo 3, 244
8.4 – Capítulo 4, 244
8.5 – Capítulo 5, 245
8.6 – Capítulo 6, 245
8.7 – Capítulo 7, 245
 
Conclusão, 247
 
Referências, 256
Anexos, 276

Referência

LEME, Clodoaldo Gonçalves. É gol! Deus é 10: A religiosidade no futebol profissional paulista e a sociedade de risco. 2005. 290 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) - Departamento de Teologia e Ciências da Religião, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2005.