Para a Copa do Mundo de Futebol de 2014, 12 novos estádios serão construídos no Brasil. Esses estádios precisarão atender a uma série de exigências da FIFA – o chamado padrão FIFA – muitas das quais relacionadas diretamente a preocupações com a segurança pública. No Rio de Janeiro, já há um estádio pronto que segue esse padrão: o Estádio Olímpico João Havelange, também conhecido como Engenhão. Esse estádio foi construído para o público dos Jogos Pan-Americanos de 2007, evento que durou duas semanas. Logo em seguida foi arrendado pelo clube Botafogo de Futebol e Regatas passando, portanto, a ser frequentado por sua torcida. Parte-se do pressuposto que o Engenhão não foi necessariamente construído para este tipo de público. A tese central deste trabalho é que há, no Brasil, uma disputa simbólica pelo significado do torcer e que os novos estádios, construídos para a Copa do Mundo de 2014 são um instrumento desta disputa. Os envolvidos neste fenômeno não são apenas os diversos grupos presentes durante os jogos nos estádios, mas também os construtores e administradores dos estádios. Há em jogo uma série de representações sociais sobre tais espaços, e a forma assumida por eles resulta das diferentes negociações. Sendo assim, é possível não somente observar as construções, o comportamento dos diversos grupos envolvidos, assim como entrevistá-los a respeito de suas representações, suas avaliações sobre o espaço em questão e a segurança pública. Esta é a principal proposta da pesquisa aqui realizada. O Engenhão é um campo empírico de pesquisa interessante porque oferece a oportunidade de averiguar os modos pelos quais a torcida de um clube reage a uma arquitetura projetada para atender às demandas de um público de megaeventos.
Palavras-chave: Futebol, Estadios, Torcedores, Segurança Pública, Megaeventos Esportivos, Disputa