O presente artigo, de natureza teórico-conceitual, questiona os juízos de torcedores sobre o futebol de rendimento praticado por mulheres, qualificando-o como pouco estimulante e não atrativo. Propusemos o exame sobre como a categoria gênero colabora para tal avaliação, partindo do entendimento do futebol como fenômeno estético e buscando evidenciar o caráter relacional da experiência que se produz no encontro entre torcedor e partida. Procuramos identificar os elementos que influem na avaliação de uma partida como boa ou bela. Posteriormente, nos debruçamos sobre a noção de percepção e as condições que a afetam e produzem enquanto matrizes perceptivas, nos aproximando do conceito de habitus. À luz dessas considerações, concluímos que o habitus esportivo, particularmente o futebolístico, no caso do Brasil, revela, também, a presença de um habitus de gênero pautado na diferenciação entre seres humanos, sobretudo com base na morfologia corporal. Assim, podemos afirmar que o futebol praticado por mulheres não evoca, por si mesmo, uma experiência estética desagradável, mas convoca a ampliação das sensibilidades do torcedor para acolher outras formas de manifestação deste esporte.
PALAVRAS-CHAVE: Futebol de mulheres; Experiência estética; Percepção.