O propósito deste artigo é fazer uma breve reflexão sobre a ética no futebol. Três perguntas balizam tal reflexão: i) quais os princípios éticos predominantes no campo esportivo no País? ii) o futebol tem desempenhado, no Brasil, a função de transmissão de valores educativos e de afirmação de condutas civilizadas? e iii) o futebol tem contribuído como referência para a construção de uma nação mais democrática e socialmente justa? Para examinar tais questões procura-se, inicialmente, esclarecer o significado amplo da palavra “ética”. Em seguida, mostra-se que a ética esportiva não corresponde a um corpo unitário de princípios e condutas. Na seqüência, são apontadas algumas contradições entre a ética do futebol escolar e a ética do futebol profissional. A argumentação procura, então, indicar que a produção e a decodificação do espetáculo futebolístico no País alimentam uma ética utilitária. Mais à frente, examina-se como o discurso da “moralização” do futebol brasileiro, na década de 1990, orientou-se pela lógica do mercado. Então, são exploradas novas frentes de debate em torno da ética no futebol atual. Ao final, considerando que o futebol profissional fornece modelos de conduta social, o artigo coloca em discussão os dilemas da ética esportiva veiculada pelo futebol-espetáculo.