Esta pesquisa analisa as relações entre futebol e colonialismo em Lourenço Marques (atual Maputo, capital de Moçambique) a partir da primeira década do século XX, quando começam a ser fundados diversos clubes esportivos. A partir da análise de fontes jornalísticas como O Africano e O Brado Africano, periódicos de circulação do ambiente colonial junto a fontes bibliográficas, realizou-se uma História Social do Futebol e do Colonialismo em Lourenço Marques. Desse modo, com essa formulação, não veremos apenas o futebol, mas sua lógica no contexto da trama colonial portuguesa em Moçambique. Abordou-se a formação excludente da cidade de Lourenço Marques e suas dinâmicas segregacionais que acabaram criando dois mundos distintos, o mundo colonial português, a “cidade de cimento”, e o mundo destinado aos povos “africanos”, o subúrbio. Expõem-se as formas de como o jogo era praticado nesse contexto segregado e descreve-se a criação das associações e clubes, tanto no grande centro colonial quanto nos subúrbios. O trabalho sintetiza a dupla via do processo do associativismo em tempos coloniais e como esse fenômeno serviu tanto de controle quanto de resistência de quem executava. Com ênfase final, abordam-se as questões de como as cosmovisões africanas, em especial as do Sul de Moçambique, foram adaptados ao contexto colonial, fazendo do futebol um local de invenção de tradições e de resistência ao colonialismo.