Esta tese trata dos processos sociais de inserção das mulheres no universo do futebol clubístico no Brasil. A partir de uma etnografia sobre o Núcleo de Mulheres Gremistas e o Espaço da Mulher Colorada, grupos vinculados ao Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e ao Sport Club Internacional, respectivamente, tomados nesta pesquisa como casos exemplares do “lugar” simbólico da mulher no mundo do futebol, discuti a participação feminina neste esporte, em dimensões físicas, políticas e simbólicas. Vali-me, em termos metodológicos, de entrevistas e de depoimentos de integrantes dos referidos grupos, além de fotografias e observação participante nas reuniões, festividades e ações solidárias promovidas por estes. No que diz respeito às questões teóricas, dialoguei com os estudos de gênero, com o intuito de pensar as relações estabelecidas entre homens e mulheres no campo esportivo, sobretudo no futebol brasileiro. A revisão bibliográfica sobre a produção cultural futebolística incluiu, além de obras acadêmicas e literárias, filmes, documentários e músicas, e indica que o futebol ainda pode ser compreendido como um espaço masculino, embora a presença feminina neste campo seja crescente. A atuação das mulheres no universo político dos clubes é limitada, devido a uma cultura institucional que reserva aos homens os cargos diretivos, não por causa de regimentos escritos, mas pela tradição. Outra conclusão aponta também para o fato de que a inclusão – e a sobrevivência – dos grupos femininos no âmbito clubístico se dá comumente através da reiteração de estereótipos, o que revela algumas das ambigüidades envolvidas nos processos sociais de participação das mulheres neste contexto esportivo dominantemente masculino.
Palavras-chave: Futebol. Gênero. Etnografia.