O presente trabalho tem por objetivo, a partir de uma perspectiva comparada, apresentar um novo debate entre as experiências vivenciadas a partir do futebol, nas cidades do Rio de Janeiro e Buenos Aires, entre os anos de 1897-1924. Neste estudo, a história dos primórdios do futebol será contada, fundamentalmente, a partir das vivências das camadas populares e suas interlocuções com outros grupos sociais. Durante muito tempo, a história do futebol esteve atrelada às elites sociais. Fosse pela superioridade econômica ou pelo poder político, as diversas esferas da sociedade pareciam ser definidas somente por este determinado grupo. Neste sentido, tentar-se-á demonstrar, utilizando o futebol como ferramenta, que a sociedade que emergia no momento a ser estudado, como em qualquer outro recorte histórico, gerava diálogos e interferências entre todos os grupos sociais. E que, de forma decisiva, apesar da violência e dos desafios impostos pelos novos tempos, as camadas populares estiveram plenamente conectados à sociedade. A violência, o racismo e o movimento de aproximação entre o futebol e as camadas populares serão os principais guias deste trabalho. Com estes, pretende-se provar a dinâmica e a complexidade social que eram vividas no período em questão e, de alguma forma, contribuir para uma melhor reflexão sobre tão significativo momento para as cidades do Rio de Janeiro e de Buenos Aires.