A primeira transmissão de uma Copa do Mundo de Futebol pela televisão, para o Brasil, foi em 1970, via Embratel. Antes disso, a população acompanhava os jogos da Seleção Brasileira pelo rádio. Aos poucos, os donos das redes de televisão perceberam que o futebol poderia gerar bons resultados financeiros, com a veiculação de propagandas comerciais durante as transmissões, a exemplo do que já era feito no rádio. Com isso, a televisão, de olho no crescimento da audiência e no número de anunciantes, revestiu o futebol com uma linguagem de espetáculo. A narração das partidas, em que a figura do locutor se parece mais com a de um animador, e o aperfeiçoamento das tecnologias de transmissão, que melhoram, a cada dia, a qualidade da imagem, tiram do futebol a característica de ser apenas um esporte para passar a ocupar o lugar de um show. Nesse contexto, o esporte torna-se artigo de compra e venda. O objetivo desse trabalho é demonstrar como se constituiu esta linguagem de espetáculo na televisão brasileira, tendo como base as transmissões esportivas, especialmente as de futebol, e como a televisão, que representou um salto tecnológico no país em relação ao rádio, se apropriou do esporte mais popular do país como uma mercadoria, interferindo na dinâmica da sociedade brasileira. Enfim, trata-se de uma tentativa de entender como as pesquisas que permitem uma evolução tecnológica modificam comportamentos e vice-versa, ou seja, de que forma as demandas da sociedade provocam uma corrida rumo ao desenvolvimento de novas tecnologias.