O presente artigo propõe uma reflexão preliminar acerca da aproximação entre o futebol – entendido como elemento da cultura globalizada, mas com nuances identitárias nacionais – e a literatura italiana. A hipótese que balizou a pesquisa é a de que o futebol (calcio) italiano é um elemento considerado por alguns dos mais reconhecidos escritores deste país (como Umberto Eco, Pier Paolo Pasolini, Italo Calvino, Umberto Saba, Antonio Tabucchi e os contemporaneíssimos Alessandro Baricco, Alberto Garlini, Fabio Caressa, Marcello D’Orta, entre outros), porém, a temática aparece como elemento secundário e ocasional na produção da maioria destes escritores italianos, os mais reconhecidos internacionalmente. Sendo assim, surgiram algumas questões que problematizam a conjunção futebol/literatura na Itália: como e por que o esporte (futebol) foi incorporado como manifestação cultural passível de ser manifesta artisticamente na literatura? Como o mesmo é compreendido – no tênue limite entre texto e contexto – pelos literários que o mencionaram (mesmo como temática secundária)? Efetivamente, a formulação de uma identidade nacional italiana – por sinal, questão ainda hoje tensa e mal resolvida – permeou os escritos literários que versam sobre o futebol? Existiu um “diálogo”, tendo o futebol como pauta, entre os literatos italianos e a literatura esportiva de outros países? A pesquisa, circunscrita ao campo da História Cultural, apropriou-se de alguns preceitos teóricos da análise literária visando melhor compreender – ainda que de modo incipiente – tais questionamentos.