Este artigo tem o objetivo de apresentar as dezoito principais antologias de contos sobre futebol em circulação no Brasil, a exemplo de Onze em campo (1986) e 22 contistas em campo (2006), organizadas por Flávio Moreira da Costa, e Entre as quatro linhas (2013), organizada por Luiz Ruffato, levando em consideração alguns de seus paratextos, particularmente o prefácio, o sumário, o título, as referências, o nome e as notas de autoria, segundo a concepção de Gérard Genette. Paralelamente a essa apresentação, aponta-se para duas problematizações importantes relacionadas aos estudos comparatistas e ao mundo futebolístico. Em um primeiro momento, menciona-se a presença de autores estrangeiros em algumas das antologias, o que nos permite apontar para a tensão entre o local e o global presente nas narrativas sobre o futebol desde sua chegada ao Brasil. Num segundo momento, constata-se a baixíssima quantidade de contos publicados por mulheres em relação aos homens, dentre elas Rachel de Queiroz, Hilda Hilst, Edla van Steen, Edy Lima, Adriana Lisboa e Tatiana Salem Levy, suscitando questões relativas à participação da mulher tanto no futebol quanto no discurso literário que o tematiza. Tais aspectos demonstram como o futebol e a literatura (e a edição) se relacionam, dramatizando e refletindo aspectos socioculturais do sujeito contemporâneo.
Palavras-chave: antologias de contos sobre futebol; futebol e gênero; estrangeiro; paratexto; literatura comparada.