A proposta deste estudo foi compreender o processo de (des)configuração e (re)configuração do torcer nas duas cidades: Betim (MG) e Ipatinga (MG), e como se estabeleceu a relação das torcidas com o Ipatinga FC / Betim EC. Procurou-se entender como os torcedores reagiram a essas mudanças territoriais, as tensões provocadas e as possíveis consequências no cenário, em que um clube se instalou e outro deixou de existir bem como se configurou o torcer nas cidades, e como se deu o processo de (re) apropriação ou (des) apropriação do clube pelos torcedores. Além disso, buscou-se investigar as razões que levaram esse(s) clube(s) a mudarem de nome, camisa, escudo, ou seja, sua identidade e sua sede. Na cidade de Ipatinga foram aplicados 108 formulários junto aos torcedores do Ipatinga FC. Na cidade de Betim, foram entrevistados seis torcedores do Betim EC que acompanharam o time durante o período em que esteve na cidade. Os gestores dos municípios de Ipatinga (MG) e Betim (MG) e o gestor do clube foram entrevistados e fizeram apontamentos diversos em relação à situação itinerante vivenciada pelo clube. Para a organização e análise, os dados contidos nos formulários foram tabulados com a utilização do software SPSS para Windows, versão 21. Já na organização e análise dos dados qualitativos (as entrevistas semiestruturadas) foi utilizada a análise de conteúdo proposta por Bardin. Sobre a torcida do Ipatinga, os dados analisados apontam para um descontentamento com a saída do clube da cidade e uma expectativa do seu retorno apesar da desconfiança gerada pela situação de migração do clube. Contudo, continua sendo uma marca importante de pertencimento territorial que tem no clube um instrumento que reforça esses laços de afetividade. Já os dados obtidos nas entrevistas com os torcedores do Betim, apontam para a criação de um vínculo com o território em que o clube se instalou e que projetou no clube a possibilidade de envolvimento e o início da formação de uma identificação com o time ao longo dos momentos de lazer vivenciados principalmente nos finais de semana. Já, com os gestores, foram encontradas evidências de que uma administração ineficiente, em consonância com excessiva dependência de recursos públicos, foi a causa da crise que culminou com a saída do clube de Ipatinga. Em Betim, o clube não alcançou as parcerias que almejava com os setores público e privado, gerando uma crise que culminou com o seu retorno para Ipatinga.