Neste artigo me proponho fazer uma análise das representações sobre as alteridades que se manifestam através dos cantos das torcidas argentinas. Neles, são encenadas as representações sobre “nós” e os “outros”, sendo construídas a partir de uma lógica dicotômica e excludente de representação. Os torcedores não reconhecem a natureza discriminatória dos insultos porque as ofensas em geral fazem parte das performances e suas interpretações dependem da lógica dicotômica do “alento”. Assim, para os torcedores, esses insultos não são sérios e fazem parte do “folclore do futebol”. Desta forma, minha pesquisa centra-se no estudo da lógica do fenômeno cultural do “alento” e sua articulação com os processos sociais, históricos e culturais da nossa sociedade. Foi feita uma análise discursiva de 500 canções de torcidas, entrevistas e observações participantes com fãs de 26 clubes argentinos. No presente artigo, explico primeiro as principais características das canções e o “alento”, para depois analisar as construções da alteridade nos níveis existencial, cultural e social.
Palavras-chave: Futebol; Identidade; Alteridade; Cantos; Discriminação