O presente artigo examina os modos pelos quais os migrantes portugueses estabelecem elos de ligação ao seu país de origem. Como é que eles reconstroem e reinventam elementos da sua cultura de origem (narrada) em Hamburgo e noutras regiões da Alemanha do Norte? Baseadas em material etnográfico e num inquérito, as conclusões sugerem que, a par do declínio das competências linguísticas e da participação nas associações portuguesas, muitos dos elementos que moldaram as representações de cultura portuguesa dos migrantes estão a perder importância, ao mesmo tempo que a importância do futebol enquanto elemento de identificação, bem de consumo e prática recreativa parece manter-se estável ou estar até a aumentar. O futebol proporciona um espaço privilegiado para performances de pertença e cultura (popular) portuguesas, constituindo ao mesmo tempo um espaço social para o convívio intercultural. O mesmo se pode dizer a propósito dos estabelecimentos gastronómicos portugueses, que favorecem o desenvolvimento do sincretismo culinário e linguístico.
PALAVRAS-CHAVE: portugueses, diáspora, Alemanha, futebol, gastronomia, ligação cultural