Os textos reunidos por Bravo! buscam contemplar diferentes olhares lançados em direção ao esporte bretão desde que aportou no Brasil. A oposição ferrenha de Lima Barreto, manifesta em artigos que condenavam a invasão por uma modalidade estrangeira, e o entusiasmo militante de José Lins do Rego. A fabulação de Nelson Rodrigues e a sobriedade de Carlos Drummond de Andrade. Também o relativo alheiamento de Clarice Lispector, que confessa em uma de suas crônicas nunca ter assistido a uma partida de futebol ao vivo.
Ao lado deles, figuram mais autores do cânone, como Alcântara Machado, Ferreira Gullar, Luis Fernando Veríssimo, Rubem Fonseca, Sérgio Sant”anna. Está João Cabral de Melo Neto, que foi, inclusive, jogador em Recife, sua terra natal, quando jovem, mostrando que Nelson generalizou ao afirmar que nossos escritores não sabem cobrar um reles lateral. E, ainda, nomes que despontaram nos últimos anos, na ficção ou na crônica esportiva: Cristovão Tezza, Flávio Carneiro, Marcelino Freire, Glauco Mattoso, Marcos Caetano.
Completam o time José Soares e Paulo Perdigão. Os versos de Soares, que imagina uma peleja entre Lampião e Satanás, são ótimo exemplo da presença do futebol no cordel. Perdigão, notabilizado como crítico de cinema, contribui com uma incursão temporã na esfera ficcional.
Os dramas encerrados dentro e no entorno das quatro linhas serviram de matéria-prima a muitos outros autores brasileiros, de modo que o escrete de Bravo! representa apenas uma das formações possíveis. O atacante, o zagueiro, o goleiro, o ex-atleta, o técnico, o peladeiro e o torcedor são os grandes personagens das histórias aqui agrupadas. Histórias que fazem lembrar outra máxima de Nelson Rodrigues – e ratificam: “Em futebol, o pior cego é aquele que só vê a bola”.