A África do Sul e o Brasil sediaram em 2010 e em 2014, respectivamente, a Copa do Mundo FIFA de Futebol. Os investimentos em megaeventos esportivos de lazer e turismo foram justificados por seus promotores como geradores de legados para as cidades-sede. Esta tese teve como objetivo identificar permanências e mutações no lazer e no turismo de duas cidades que sediaram a competição, a Cidade do Cabo na África do Sul, e a Cidade de Belo Horizonte no Brasil. Quais são as permanências e mutações nas práticas de lazer da população residente na sua relação com os equipamentos de lazer construídos para a Copa? Quais são os legados para o turismo das cidades-sede, na sua relação com o aumento do fluxo de turistas internacionais após a realização do megaevento? A pesquisa teve abordagem qualitativa e a coleta dos dados foi realizada a partir de revisão bibliográfica, observação simples, entrevista semiestruturada, grupo focal, e, coleta de dados secundários em observatórios de turismo. Os resultados apontam que na Cidade do Cabo a utilização do Cape Town Stadium está aquém da esperada, os principais motivos estão relacionadas com questões históricas com raízes no sistema do apartheid, somado ao fato da cidade não ter clube de futebol popular, não ter transporte coletivo eficiente e o alto índice de desemprego. No turismo, a cidade vem registrando crescimento de visitantes estrangeiros com destaque para o aumento do fluxo de turistas da América do Sul, especialmente brasileiros. Em Belo Horizonte o Estádio do Mineirão no pós-Copa do Mundo é avaliado pelos torcedores(as) como um importante legado que oferece aos frequentadores(as) melhor infraestrutura, mais segurança, além de ter um novo local para prática de esporte, lazer e promoção de eventos, a Esplanada do Mineirão. Mas a partir do empresariamento do Estádio, e da parceria público-privada realizada entre o Governo do Estado de Minas Gerais, com a concessionária Minas Arena, alterou-se o conceito da relação com o usuário, hoje visto como um consumidor, o que por consequência desfavoreceu o acesso das classes populares ao equipamento de lazer. No turismo o pós-Copa ainda não refletiu aumento significativo de turistas estrangeiros, apesar do Estado de Minas Gerais ter batido recorde de desembarques internacionais em 2017, ela segue nos patamares de 2010.
Palavras-Chave: megaeventos, Copa do Mundo FIFA, Lazer e Turismo.