Objetivos: problematizamos como os sujeitos torcedores dialogam com o quadro normativo que naturaliza o ambiente dos estádios de futebol como masculino e heteronormativo, a partir de como esses mesmos sujeitos identificam suas alteridades. Metodologia: realizamos diálogos com grupos de torcedores nos quais discutíamos a mudança de um antigo estádio para uma nova arena e a possível presença de violência verbal durante as partidas. Resultados e discussão: os torcedores acabavam naturalizando o gosto pelo esporte para justificar uma maior presença masculina nos estádios; outros pareciam um tanto mais sensibilizados com pautas feministas e condenavam suas próprias atitudes; à participação das mulheres é atribuída uma diferença natural; a maior presença das mulheres acaba sendo associada de forma direta a diminuição do machismo no futebol; homens não heterossexuais também são incluídos como a alteridade do “homem” torcedor; outra alteridade foi nomeada como família; incentivando a equipe, colaborando com o clube e performando “adequadamente”, os torcedores homossexuais estariam autorizados a torcer com os demais. Considerações Finais: Podemos visualizar a existência de um quadro normativo que destaca a relação entre futebol e masculinidade no Brasil. Ele já aparecia com destaque quando do lançamento do Universo do futebol, em 1982, e parece ainda atual. Se o androcentrismo era dado como natural no Universo do futebol aqui ele é um elemento no centro das lutas por significados em um contexto social mais amplo e, também, em tudo o que envolva a prática e a apreciação do futebol.
Palavras-chave: Futebol, Androcentrismo, Masculinidade