Este artigo analisa o pequeno patrimônio esportivo. Ele não se limita a uma visão clássica do patrimônio esportivo, centrada na arquitetura ou nos objetos de arte associados ao esporte. Ele também visa a incluir objetos do cotidiano, objetos seriais que possuem um valor simbólico e social em vez de comercial. Para compreender plenamente as questões associadas a essa categoria específica de “pequeno patrimônio”, o artigo primeiro relembra algumas características gerais do conceito de patrimônio. Em seguida, exemplos ilustram o interesse do pequeno patrimônio pelos personagens do mundo dos esportes. O pequeno patrimônio esportivo, constituído por objetos esportivos do quotidiano e muitas vezes negligenciado por instituições patrimoniais e museus, constitui na realidade uma grande riqueza social que deve ser valorizada em relação aos próprios esportistas. Sendo o patrimônio aqui considerado mais um recurso social do que uma coleção de objetos de prestígio, a etnografia permite identificar empiricamente as situações em que os esportistas valorizam o pequeno patrimônio ligado às suas práticas. Esse é o caso, por exemplo, quando grupos de esportistas organizam exposições ou reúnem acervos museográficos e arquivísticos. Uma importante questão teórica na associação das noções de patrimônio e esporte é entender melhor as formas como as fronteiras entre público e privado são articuladas e deslocadas. O patrimônio esportivo possibilita compreender as transformações históricas dos métodos de organização e apropriação das práticas esportivas. Ao estabelecer uma forte ligação entre esporte, bens públicos e memórias coletivas, o conceito de patrimônio esportivo abre finalmente uma reflexão sobre a construção de identidades através do esporte.
Palavras-chave: Pequeno patrimônio. Esporte. Etnografia. Exposições. Museus.