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Tese

Sociedade, futebol, torcidas organizadas e educação

da violência explícita às contradições não evidentes
Ano

2014

Faculdade/Universidade

Faculdade de Educação, Universidade Federal de Goiás

Tema

Tese

Área de concentração

Doutorado em Educação

Páginas

192

Arquivos

Resumo

A violência no futebol atribuída às torcidas organizadas tem sido recorrente e amplamente divulgada pelos meios de comunicação, todavia, esse debate é carregado de controvérsias sobre a responsabilidade dos confrontos, suas motivações e autorias. Diante disso, o tema em torno do qual as reflexões desta tese se desenvolvem são as mediações – perceptíveis e não evidentes – que se estabelecem entre as ações de torcedores organizados, a violência no futebol espetáculo produzido pela indústria cultural e a sociedade contemporânea. Nosso objetivo mais amplo foi compreender algumas motivações da violência no futebol a partir das manifestações de torcedores organizados dos três times de maior destaque em Goiás: Atlético Clube Goianiense, Goiás Esporte Clube e Vila Nova Futebol Clube. Os principais estudos sobre o fenômeno assinalam que a violência não pode ser considerada como “do” futebol, mas “no” futebol. Contudo, a partir da teoria crítica da sociedade da Escola de Frankfurt, sobretudo pelas reflexões de H. Marcuse, T. W. Adorno e M. Horkheimer, argumentamos que se a violência tem uma causa social, ela encontra correspondência no indivíduo, sendo, portanto, tributária do contexto social objetivo e ressignificada pela dinâmica subjetiva. Como a violência no futebol e os confrontos entre torcedores organizados constituem a face evidente do fenômeno, os consideramos como “ponto de partida”. Recorremos à investigação empírica para acompanhar o papel que as torcidas organizadas desempenham na ampliação da violência e entender como os principais sujeitos envolvidos nesse processo percebem o fenômeno. Observamos jogos em competições estadual e nacional dos três times; entrevistamos presidentes, diretores, membros e ex-membros das torcidas organizadas; dirigentes de clubes; responsáveis pela segurança no estádio; profissionais da mídia televisiva; além do uso de questionário com os membros mais orgânicos dessas torcidas. Entre as principais discussões, destacamos, num plano amplo, a intensificação do futebol como mercadoria na era do espetáculo midiático, configurando um cenário de indústria cultural do futebol, e a formação da individualidade nas sociedades administradas que se mostra mais disponível para pertencer a agrupamentos de massa. De modo específico, ressaltamos os conflitos dos torcedores organizados com a polícia e com a mídia, a manifestação de sentimentos supostamente incontroláveis, a revelação de que os confrontos são tolerados sob certas circunstâncias e a ênfase no argumento de que a violência no futebol se deve a uma minoria de criminosos infiltrados nas torcidas, motivo pelo qual a repressão e a punição foram as medidas mais lembradas para combatê-la – em detrimento da formação cultural ou das desigualdades estruturais engendradas pelo modo de produção social vigente. Como “ponto de chegada”, procuramos pelas contradições que se escondem por trás das motivações e justificativas para os confrontos e ressaltamos o papel fundamental da educação como contraponto à violência e à barbárie. Esta tese foi orientada pela Profª. Drª. Sílvia Rosa Silva Zanolla e desenvolvida na linha de pesquisa Cultura e Processos Educativos do Doutorado em Educação da Universidade Federal de Goiás.

Palavras-chave: futebol, torcidas organizadas, violência, individualidade, sociedade administrada

Resumo (outro idioma)

La violencia en el fútbol, atribuida a clubes de aficionados, ha sido recurrente y ampliamente difundida por los medios de comunicación, sin embargo, el debate está cargado de disputas acerca de la responsabilidad de los enfrentamientos, sus motivaciones y autoría. Por lo tanto, el tema en torno al cual las reflexiones de esta tesis se desarrollan son las mediaciones – las perceptibles y no evidentes – que se establecen entre las acciones de los hinchas de fútbol, la violencia en el fútbol-espectáculo producido por la industria de la cultura y la sociedad contemporánea. Nuestra meta principal era entender algo de las motivaciones de la violencia en el fútbol desde las manifestaciones de los hinchas de tres equipos más destacados en Goias: Atlético Clube Goianiense, Goiás Esporte Clube e Vila Nova Futebol Clube. Los principales estudios sobre el fenómeno indican que la violencia no puede considerarse como “del” fútbol, pero “en el” fútbol. Sin embargo, a partir de una teoría crítica de la sociedad de la Escuela de Frankfurt, en especial las reflexiones de H. Marcuse , T. W. Adorno y M. Horkheimer sostenemos que si la violencia tiene una causa social, encuentra correspondencia en el individuo, y por lo tanto depende del contexto social objetivo y resignificado por dinámicas subjetivas. Como la violencia en el fútbol y los enfrentamientos entre los hinchas son el aspecto evidente del fenómeno, los consideramos como “punto de partida”. Recurrimos a la investigación empírica para acompañar el papel que los clubes de aficionados ocupan en la expansión de la violencia y entender cómo los principales sujetos involucrados en este proceso se dan cuenta del fenómeno. Observamos los juegos en las competiciones estatales y nacionales de tres equipos, hemos entrevistado a presidentes, oficiales, miembros y ex miembros de los clubes de aficionados, los dirigentes de clubes, los responsables de la seguridad en el estadio, profesionales de los medios de comunicación televisivos, además del uso de cuestionario con los miembros más orgánicos de estos hinchas. Entre la discusión principal, destacamos, en un plan global, la intensificación del fútbol como una mercancía en la era del espectáculo mediático, un escenario de la industria cultural del fútbol y la formación de la individualidad en las sociedades administradas que muestra una mayor disponibilidad de pertenecer a grupos de masa. Específicamente, se destacan los conflictos entre hinchas, policía y los medios de comunicación, la manifestación de sentimientos supuestamente incontrolables, la revelación de que los enfrentamientos se toleran en determinadas circunstancias y el énfasis en que la violencia en el fútbol se debe a una minoría de delincuentes infiltrados en los clubes de aficionados, razón por la cual se recordó más la represión y el castigo como las medidas para combatirla – a expensas de la formación cultural o de las desigualdades estructurales engendradas por el modo de producción social actual. Como “punto de llegada”, buscamos las contradicciones que se esconden detrás de las motivaciones y justificaciones de los enfrentamientos y hacemos hincapié en el papel fundamental de la educación como contrapunto a la violencia y la barbarie. Esta tesis fue surpevisada por la profesora Dr. Sílvia Rosa Silva Zanolla y desarrollada en la línea de investigación Cultura y Procesos Educativos de Doctorado en Educación de la Universidade Federal de Goiás – UFG.

Palabras clave: fútbol, clubes de aficionados, violencia, individualidad, sociedad administrada.

Abstract

Attributed to organized fan clubs, the violence in soccer matches has been regularly and widely broadcasted by the media, however, this debate is laden with controversies about the responsibility of those scuffles, their motivations and authorships. In view of this, the theme whose reflections of this thesis are developed upon, are the mediations – the apparent and non apparent ones – that are established between the actions of organized soccer fans, the violence in football-entertainment produced by the cultural industry and contemporary society. Our broader objective was to realize some motivations for violence in soccer matches from organized football fan clubs’ demonstrations of the three most prominent teams in the State of Goiás: Atlético Clube Goianiense, Goiás Esporte Clube e Vila Nova Futebol Clube. Major studies on the phenomenon indicate that the violence can’t be observed as “from” soccer, but “in” soccer matches. However, from a critical theory of the Frankfurt School’s society, particularly on the reflections of H. Marcuse, T. W. Adorno e M. Horkheimer, we argue that violence has a social cause, it finds relations on the individual, therefore, it’s dependent on the social context and gets a new meaning due the subjective dynamics. As violence in soccer matches and scuffles between organized fans are the obvious aspect of this phenomenon, we consider them as the “starting point”. We fell back upon the empirical research to follow up the role that those organized fan clubs play in the expansion of violence and to understand how the main subjects involved in this process realize the phenomenon. We have observed matches of those three teams in state and national competitions; we’ve interviewed presidents, directors, members and former members of organized fan clubs, club officers, people in charge of the stadium security; television media workers, and a questionnaire was applied to the more organic members of those fan clubs. Among the main discussion, we highlight, in broad scenery, the intensification of soccer as an article of trade in the age of media spectacle, shaping a scenario of cultural soccer industry, and the formation of individuality in those administered societies that seem to be more available to belong to clusters of people. Specifically, we highlight the conflicts of organized fan clubs with the police and the media, the manifestation of hypothetically uncontrollable feelings, the revelation that the scuffles are tolerated under certain circumstances and the emphasis on that the violence in soccer matches is due to a minority of criminals infiltrated in fan clubs, reason why the repression and punishment were the most remembered actions to fight it – to the detriment of cultural background or structural inequalities stimulated by the current social production style. As a “finish point”, we have sought the contradictions hidden behind the motivations and justifications for the scuffles and we emphasize the fundamental role of the education as a counterpoint to violence and barbarism. This thesis was supervised by the teacher Ph.D. Sílvia Rosa Silva Zanolla and developed in the research line of Culture and Educational Processes of Doctorate in Education at the UFG – Universidade Federal de Goiás.

Keywords: soccer matches, football fan clubs, violence, individuality, administered society

Sumário

INTRODUÇÃO, 16

I SOCIEDADE INDUSTRIAL E O POTENCIAL (DE)FORMATIVO DO FUTEBOL
CONTEMPORÂNEO, 22
1.1 O foot-ball pré-moderno, 22
1.2 Capitalismo ascendente e futebol moderno, 28
1.3 Futebol no Brasil: origem, classe social e preconceito, 34
1.4 Futebol e ditadura militar: ideologia e tutela estatal, 45
1.5 Capitalismo tardio e indústria cultural do futebol, 51

II SOCIEDADE ADMINISTRADA E TORCIDAS ORGANIZADAS: ASPECTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA VIOLÊNCIA, 61
2.1 Gênese e características das torcidas organizadas, 61
2.2 Diferentes interpretações sobre a violência no futebol e nas torcidas, 69
2.3 Fundamentos de uma perspectiva teórico-crítica para análise da violência no futebol a partir das torcidas organizadas, 80
2.3.1 Da agressividade à cultura e à violência social, 81
2.3.2 Violência e coletividade pelo viés da Psicologia de grupo freudiana, 88
2.3.3 (De)formação e integração do indivíduo nas sociedades de capitalismo avançado, 93
2.3.4 Racionalidade tecnológica e indústria cultural: novas forças produtivas e novas relações de produção, 100

III TEORIA CRÍTICA E INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA DA VIOLÊNCIA NO FUTEBOL A PARTIR DAS TORCIDAS ORGANIZADAS, 111
3.1 Desafios de uma teoria crítica da sociedade, 111
3.2 Investigação empírica das torcidas organizadas, 116
3.3 Análise de conteúdo na perspectiva teórico-crítica, 123

IV FUTEBOL E TORCIDAS ORGANIZADAS EM GOIÁS: DA VIOLÊNCIA EVIDENTE ÀS CONTRADIÇÕES VELADAS, 126
4.1 Perfil majoritário dos torcedores organizados, 126
4.2 Percepções positivas e negativas sobre torcidas organizadas, 130
4.3 Motivações e justificativas para os confrontos, 136
4.3.1 Supostos sentimentos incontroláveis, 138
4.3.2 Confrontos incitados e justificados, 143
4.3.3 Despreparo policial e necessidade de tutela, 145
4.3.4 Criminalização da torcida e o aparente paradoxo com a mídia e a internet, 149
4.3.5 Infiltração de baderneiros e criminosos e a ideologia das medidas repressivas, 160
4.3.6 (De)formação cultural e barbárie: a educação na contramão da violência, 166
4.4 Outras controvérsias, 171
4.4.1 Da ausência de recursos do clube ao patrocínio do Governo, 171
4.4.2 Percepções em colisão sobre prevenção, repressão e punição, 176

CONCLUSÃO, 181
REFERÊNCIAS, 185
ANEXOS, 191

Referência

SOUZA, Luís César de. Sociedade, futebol, torcidas organizadas e educação: da violência explícita às contradições não evidentes. 2014. 192 f. Tese (Doutorado em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2014.
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