Em parceria da Faculdade de Comunicação Social com a Rádio Uerj, estudantes narram jogos da Copa

Diretoria de Comunicação da UERJ 8 de dezembro de 2022

Nem o experiente Galvão Bueno da TV, nem o popular Casimiro do streaming. Quem passa pelos halls dos elevadores da Uerj desde o fim de novembro tem ouvido vozes diferentes no comando das transmissões da Copa do Mundo do Catar. Alunos dos cursos de Jornalismo e Relações Públicas da Faculdade de Comunicação Social (FCS) assumiram a missão de fazer uma cobertura interativa, divertida e informativa. Eles participam do projeto Escola de Narradores, uma parceria entre o Laboratório de Áudio (AudioLab), o Laboratório de Estudos em Mídia e Esporte (Leme) e a Rádio Uerj.

Durante os 28 dias de jogos, 40 estudantes participarão ativamente de narrações, comentários, entrevistas e debates, sempre ao vivo. Todas as partidas serão transmitidas, exceto aquelas em que a seleção brasileira atua e as que acontecem nos finais de semana.

A iniciativa foi idealizada e está sendo coordenada pelo professor do Departamento de Jornalismo Filipe Mostaro, doutor e mestre em Comunicação pela Uerj e especialista em Jornalismo Esportivo. A proposta, segundo ele, é promover um treinamento prático, além de trabalhar o aspecto atual da convergência de mídias – digital, radiofônica e audiovisual. “Queremos também provocar reflexões sobre a linguagem do rádio, que tem um papel fundamental na história da comunicação brasileira”, acrescenta o docente. 

Parceria

Para o coordenador da Rádio Uerj, Daniel Barros, a abertura do veículo ao projeto garante mais visibilidade ao trabalho dos estudantes. “Nosso papel é o de projetar essas transmissões. Estamos fazendo isso em tempo real em diversos pontos da Universidade, além dos canais oficiais na internet”, explica.

Mostaro ressalta que a parceria com a Rádio amplia algo que antes se restringia ao laboratório. “O Daniel acompanhou nossos treinamentos e se apaixonou pela ideia, ficou encantado com a possibilidade de os alunos refletirem sobre jornalismo esportivo enquanto o praticam, sobretudo nesse megaevento que é a Copa. A partir daí, começamos a conversar sobre como poderíamos reproduzir as transmissões nos corredores da Uerj, e o resultado é que estamos atingindo um público cada vez maior, saindo das fronteiras da Universidade”, avalia.

Grande procura

Copa do Mundo Escola narradores
Anabella (esq.) e Júlio César (no centro) durante transmissão.

Segundo o professor, a ideia surgiu diante da empolgação de seus alunos com a proximidade da Copa do Mundo. Júlio César Barcellos, do curso de Jornalismo, é um dos que participam animadamente das transmissões. Ele considera a ação um acréscimo especial na sua formação. “A proposta me chamou atenção porque era diferente de tudo que eu já tinha visto dentro da faculdade. Oportunidades únicas assim a gente não pode desperdiçar”, comemora. 

De acordo com Filipe Mostaro, não é preciso gostar de esportes para atuar no projeto, pois o intuito maior é treinar jornalismo na prática. “Costumo dizer que a transmissão esportiva é uma grande escola, porque lidamos com fatos ao vivo. É preciso apurar e informar na hora. Isso dá clareza de pensamento, ensina a ter atenção a tudo que está acontecendo e saber construir o texto muito rapidamente. Quem faz uma narração esportiva está preparado para qualquer área do jornalismo”, defende.

Anabella Léccas, estudante de Relações Públicas, corrobora a fala do professor. “Acho que o impacto do projeto na minha vida acadêmica vai ser o aperfeiçoamento da capacidade de apuração. A gente tem que levar muita informação para os jogos, tem que fazer muita pesquisa, e isso vem me ensinando a prestar atenção em mais detalhes, tornar a percepção mais aguçada”.

O projeto, segundo Mostaro, também incentiva a caminhada rumo à equidade de gênero. “O jornalismo esportivo sempre foi um ambiente machista e a narração esportiva, restrita aos homens. E aqui o número de alunos e alunas é praticamente paritário. Isso me deixa muito feliz e mostra que será uma tendência nos próximos anos”. 

Preparação

Os alunos participantes treinaram intensamente desde o dia 3 de novembro. A prática foi baseada em jogos antigos, dentre eles a final da Copa de 1970 e o clássico Flamengo e Vasco. Ao todo, foram 25 partidas narradas antes do início do Mundial.

Para o coordenador Filipe Mostaro, o treino fora do ar possibilitou maior compreensão sobre a responsabilidade ao microfone. “O esporte pode deixar as pessoas muito emocionadas, e a narração tem um grande poder perante a torcida. A preparação serviu para mostrar que existe um lado emotivo e um lado ético”. 

No entanto, a estudante Anabella Léccas lembra que treino é treino, jogo é jogo. “Quando a gente pegava os antigos, como o Flamengo e Vasco em 2001, estudávamos previamente. Agora, com a Copa do Mundo, temos ficado bastante ansiosos, porque não sabemos o que vai acontecer. Existe toda aquela tensão da partida ao vivo. Mas tem sido muito legal, porque um ajuda o outro, a gente aprende a trabalhar em equipe. Eu estou amando!”, revela.

Mais frutos

Diante da animação de todos, a equipe decidiu criar o “Bem, Alunos”, uma resenha esportiva, também comandada pelos estudantes, na qual é possível conferir as opiniões dos comentaristas sobre os jogos e as expectativas para as próximas partidas. O nome é uma alusão ao programa “Bem, Amigos”, do jornalista Galvão Bueno, veiculado no SporTV.

As transmissões da Escola de Narradores e as resenhas do Bem, Alunos estão disponíveis nos canais do AudioLab e do Leme no YouTube. Você também pode acompanhar as narrações e comentários pela Rádio Uerj, veiculada no site do Centro de Tecnologia Educacional e nos corredores da Universidade. 

Segundo Mostaro, a intenção agora é criar uma disciplina de transmissão esportiva na grade da FCS e desenvolver um projeto de extensão sobre o tema. “A ideia é institucionalizar, para que possamos ter mais recursos e melhorar cada vez mais o trabalho”, conclui.

Fonte: UERJ.

Veja também: