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Arlei Damo (parte 1)

Equipe Ludopédio 4 de novembro de 2009

Arlei Sander Damo é graduado em Educação Física (1995), mestre (1998) e doutor (2005) em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. É professor adjunto no Departamento de Antropologia da mesma instituição. Autor dos livros “Do dom à Profissão: a formação de futebolistas no Brasil e na França” (HUCITEC) e “Futebol e Identidade Social” (Editora da UFRGS), e co-autor com Ruben Oliven de “Fútbol y Cultura” (Norma, Buenos Aires).

 

PRIMEIRA PARTE

Como foi a transformação do Arlei de professor de Educação Física para pesquisador e antropólogo?

Fiz vestibular para muitas coisas, incluindo filosofia, agronomia, administração e engenharia mecânica. Entrei na UFRGS fazendo engenharia e dois anos depois prestei novo vestibular para educação física, mas ao mesmo tempo solicitei transferência interna, para o curso de filosofia. Como recusaram a transferência interna – nunca soube se por falta de vaga ou de vocação, mas suponho que fossem as duas coisas – restou-me uma só opção, e eu a abracei. Com a seqüência do curso notei que minha inclinação eram as disciplinas mais próximas das ciências sociais e não tardou para que meu projeto de vir a ser treinador de futebol ruísse por completo. Precisava de bolsa, e o programa PET foi minha salvação. O PET da EFI da UFRGS tinha como um dos seus objetivos reforçar a formação científica e humanística do curso, vistas como uma lacuna decorrentes do tecnicismo o do empiricismo de então.

Passei a circular pela filosofia, que me pareceu excessivamente abstrata, e cursei algumas disciplinas da sociologia, que me entusiasmaram bastante. Mas se tivesse que apontar um episódio que está na origem da minha incursão antropológica teria que me remeter a uma manhã na qual o professor Silvino Santin, que orientava um pequeno grupo que havíamos constituído para tratar de temas atinentes à corporeidade, trouxe-me um livro que iria me interessar, pelo tipo leitura que eu fazia dos textos que discutíamos – Merleau-Ponty, sobretudo. Tratava-se de “Aprender Antropologia”, um livro introdutório que acabara de ser traduzido para o português. Li-o de uma sentada, e no semestre seguinte me inscrevi para uma disciplina de Antropologia, que até então era um mistério. Vieram outras, ainda na graduação, depois o mestrado e tudo o mais.

Na antropologia, muitas coisas me encantaram, mas talvez tenha sido a etnografia, que lhe confere, entre outras coisas, uma base empírica, que me seduziu. Tenho o diploma de licenciatura em educação física, e até fiz uso dele, quando trabalhei – por três anos, aproximadamente – na Secretaria Municipal de esportes, Recreação e Lazer de Porto Alegre. Foi uma experiência interessantíssima, em que circulei por toda a cidade, junto ao Brincalhão, um ônibus transformado em brinquedoteca. Aproveitei a ocasião para exercitar minha inclinação etnográfica, dialogando com crianças e adolescentes de grupos populares, procurando entender seus pontos de vista sobre temas variados. Também trabalhei na organização de um campeonato de futebol de várzea, mas quando me encaminharam para trabalhar numa praça, dando aulas de futebol, eu simplesmente me exonerei. A esta altura já havia concluído o doutorado em antropologia, que se tornou minha prioridade desde que Santin me presenteou com o livro de Laplantine, e trabalhava como professor universitário.

Em seu mestrado você estudou as torcidas. No doutorado a formação dos jogadores de futebol. Conte como iniciou o seu interesse acadêmico pelo universo futebolístico.

Bem, durante a graduação, ainda na EFI, me afastei consideravelmente do futebol. Os temas da corporeidade nos instigavam à abertura dos horizontes da EFI, incluindo novas possibilidades de pensar e experimentar o corpo. O futebol, em especial o de espetáculo, parecia-nos o que havia de mais conservador a este respeito. Na antropologia da UFRGS não havia, à época, quem trabalhasse com Merleau-Ponty. Se minha transição ocorresse nos dias atuais, muita coisa certamente seria diferente, pois autores como Csordas, Tim Ingold e tantos outros, que reportam-se seguidamente ao mestre francês, vem sendo bastante utilizados. Os professores me estimularam a trabalhar com o futebol – havia, certamente, uma associação direta entre educação física e futebol. Diziam que era um tema ainda pouco explorado, que apenas Da Matta havia escrito algo a respeito.

Eu não tinha muito tempo. Precisava colocar-me a par das teorias antropológicas e constituir um objeto para minha própria pesquisa. O futebol era uma possibilidade que estava à mão, pelas minhas experiências, como torcedor e peladeiro – com certas incursões pela várzea, que muito me orgulham. Pensei em pesquisar as torcidas organizadas, um tema que adquirira certa legitimidade acadêmica; um assunto a partir do qual se tornara legítimo abordar o esporte. Ocorre que Luiz Henrique de Toledo havia escrito uma dissertação, premiada pela ANPOCS, a este respeito. Li a dissertação – e resenhei o livro para RBCS – com a certeza de que ele havia dito o essencial sobre o tema. Mas o trabalho de Toledo dera conta apenas de parte dos eventos e dos grupos que frequentavam os estádios. Eu havia lido muita coisa sobre identidade social e pensei que poderia fazer algo com esta bibliografia, usando-a para pensar a identificação dos torcedores com seus clubes, contra outros clubes, entre si e contra outras coletividades, enfim, algo que colocasse o problema dos vínculos clubísticos em relevo. O professor Ruben Oliven topou a orientação e acreditou que seria possível realizar uma contribuição antropológica a partir desta proposição. Fui a campo, literalmente.

Passei a questionar minhas próprias emoções. Desde quando e por qual razão ser gremista passara a fazer sentido em minha existência? Fui escrevendo os capítulos da dissertação de acordo com o que achava que seria mais interessante dentro do material de que dispunha. Nesta busca pelo significado de torcer, li muito material editado pelos próprios clubes – no caso, Grêmio e Internacional de Porto Alegre – e acabei escrevendo sobre a formação da rivalidade, de como ela incorporara certas categorias tensionadas no espectro mais amplo da sociedade – como raça e classe social -, de como as tradições eram inventadas – hinos, mascotes, uniformes, mitos de origem e tudo o mais. Concluídos os capítulos originalmente programados, imaginei que restava apenas um trabalho suplementar, com ajustes pontuais, encadeamentos. Tal não era senão uma ilusão, e toda a convicção de que estava com a dissertação pronta se dissipou. Ela não dispunha de um argumento sólido, que pudesse articular o conjunto dos textos, quanto menos um argumento original. No fim das contas, e não sem um período de crise, ocorreu-me que o conceito de identidade, naquilo que ele tem de mais interessante, que é a ideia de identificação, deveria, para o caso dos torcedores, expressar vivamente a natureza emocional do vínculo.

Enfim, com a noção de pertencimento clubístico consegui reformular meu material e o resultado foi bem recebido. Mesmo no doutorado, retornei a esta discussão sobre o pertencimento e ainda acredito que ela seja importante para entender não apenas as dinâmicas objetivas, mas sobretudo subjetivas, tantos dos torcedores em relação aos clubes (eu-coletivo) quanto na relação entre eles (nós– outros). Ousaria dizer que a noção de pertencimento clubístico é a chave a partir da qual os torcedores, incluindo os machões mais enrustidos, põem-se a lar de si, de suas emoções e subjetividades, sem nem mesmo recorrer à bebida alcoólica. O clubismo, que se articula em forma de um sistema de rivalidades, em que as trocas jocosas entre os torcedores sucedem os embates e alimentam a sociabilidade cotidiana, é sem dúvida a mola propulsora do futebol de espetáculo. Os torcedores não vão aos estádios para ver os jogos, simplesmente. Eles torcer pelo time que representa um clube, dito do coração.

Ao longo das duas pesquisas, aconteceram muitas mudanças de enfoque e o surgimento de novas questões conforme realizada o trabalho de campo.

A pesquisa realizada ao longo do doutorado, parte dela publicada em “Do dom à profissão”, poderia ser pensada como uma estratégia de apreender o ponto de vista dos jogadores, dos profissionais propriamente ditos. Uma das razões pelas quais fiz esta escolha tem a ver com as convicções acerca das possibilidades de fazer avançar este campo de pesquisas, que vou chamar de antropologia do esporte, por economia lingüística – poderia ser definido como antropologia e sociologia ou agregar a história e mesmo a educação, a partir do interesse da EFI.

Num estágio de desenvolvimento do campo ainda insipiente, pensei (e ainda penso) que o acumulo e a cooperação eram (e são) essenciais. Outra vez recorri à tese de Luiz Henrique de Toledo, depois convertida no livro “Lógicas do Futebol”, na qual ele propunha que o campo fosse pensado a partir da lógica de três categorias de agentes: os profissionais, os torcedores e os cronistas (que ele denominou de mediadores especializados). Fiz algumas adaptações a esta proposição. A primeira delas foi argumentar que as categorias propostas por Toledo faziam sentido para o campo do futebol de espetáculo, mas que o futebol deveria ser entendido em perspectiva mais ampla e diversificada. Propus, então, pensar os futebóis, a partir de 4 matrizes principais, que seriam, além da profissional, a bricolada (relativa às peladas), a comunitária (à várzea) e a escolar (no que concerne a todas os condicionantes à pratica futebolística na perspectiva de uma pedagogia disciplinar). O nome dessas matrizes é secundário. A ideia é trabalhar as especificidades para então abordar as conexões. A segunda proposição em relação à sugestão de “Lógicas do Futebol”, foi a inclusão de pelo menos mais uma categoria de agentes – por extensão, de agências e interesses -, a dos dirigentes, sejam eles de clubes, federações e até os árbitros eu os incluiria nesta categoria, pois são uma espécie de fiscais da Internacional Board.

Tendo este pano de fundo, pude mergulhar nas questões atinentes à formação de jogadores, fazendo perguntas aparentemente óbvias, porém essenciais, como por exemplo: desde quando surgiu a necessidade de profissionalizar os jogadores? O que implicou esta mudança? O treinamento e, sobretudo, o treinamento intensivo, que se exige no presente, não foi algo que surgiu da noite para o dia, tampouco foi o demarcador da passagem do amadorismo ao profissionalismo, conquanto seja um desses índices no presente. Então, porque surgiu este dispositivo chamado de treinamento? Claro que há muitas respostas para esta pergunta e algumas não são acessíveis se olharmos apenas para a profissionalização, no sentido estrito do termo. A profissionalização ocorre no bojo de um processo mais amplo, que eu chamo de espetacularização, sendo este um movimento amplo, que não se restringe ao esporte, sobretudo caso do Ocidente. Neste ponto eu reencontrei as preocupações do mestrado e me propus a pensar a formação dos jogadores tendo em vista este processo mais amplo e todas as implicações que ele pressupõe. Os jogadores podem, para efeitos comparativos, ser pensados como artistas, afinal eles ocupam o centro das atenções. Se eu logrei alguns avanços no meu trabalho, foi em boa medida pelo suporte que a sociologia e a antropologia da arte – mais desenvolvida do que a do esporte – me proporcionaram a este respeito. As contribuições mais atualizadas no campo da arte insistem no fato de que não existe obra sem público e, sobretudo, de que o lugar do antropólogo é aprender a relação entre eles, evitando comentários isolados – sobre os estilos, por exemplo, que são objeto dos críticos tanto na arte quanto no futebol.

Arlei Sander Damo
Arlei Sander Damo, comenta livro de própria autoria com base em seu doutorado.
  
Em seu livro, lançado em 2007 e com base em seu doutorado, a discussão do estilo de jogo ficou de fora, porém, em outros trabalhos você aborda essas questões. Como você entende a relação entre futebol-arte e futebol-força. E como essa discussão é tratada na Europa?

Em termos quantitativos, de número de caracteres, o livro é 60% da tese. Foi uma exigência da editora e não havia como chegar a tal resultado sem sacrificar alguns capítulos. Um deles, por exemplo, segue inédito; mas o capítulo sobre os estilos foi publicado em 2008 pela revista Estudos de Sociologia (UFPE). Para acomodar meu ponto de vista a este respeito, forcei um pouco os argumentos de dois autores cujas posições são distintas, embora não sejam expressamente antagônicas, tal como as dispus para atingir meus propósitos.

De um lado havia o argumento de Christian Bromberger, para quem os estilos não possuem uma existência positiva, mas são uma invenção de cronistas e torcedores – uma espécie de “categoria do espírito”. Os estilos prestam-se para produzir uma identificação entre algo muito peculiar, que seriam as técnicas corporais, e algo mais amplo, o ethos de uma comunidade. Bromberger argumenta que cronistas e torcedores seguidamente veem mais coisas – ou coisas diferentes – de jogadores e técnicos, embora isto não seja uma exclusividade do futebol ou dos esportes. Diante de certas obras de arte, como um quadro de Picasso ou de Da Vinci – Guernica e Gioconda, apenas para efeito de raciocínio –, há muitas suposições: do que seria a intenção dos artistas, das influências estéticas de suas épocas, das questões políticas e sociais traduzidas nestas obras. Há certamente um “excesso” que transcende a obra de arte em si mesma, embora este excesso possa ser considerado como seu prolongamento – aqui eu já estou pensando a partir de outras referências, como Natalie Heinrich, por exemplo. Enfim, para Bromberger, e creio que ele não está equivocado, os estilos são invenções reveladoras da maneira como uma dada sociedade se projeta nos jogos e nos jogadores, de como dramatiza certos valores que lhe são essenciais, mas se ater aos nexos entre tais invenções e as técnicas corporais seria, francamente, um desperdício de tempo e um estreitamento dos horizontes de significação.

De outro lado havia a posição de José Sérgio Leite Lopes, que todos conhecem aqui no Brasil. Zé Sérgio argumentou, em diversos textos, que certas técnicas corporais atinentes aos grupos afro-brasileiros haviam sido incorporadas ao futebol, razão pela qual a maneira de jogar dos brasileiros efetivamente diferia da dos europeus. Os estilos, neste caso, seriam algo positivo, concreto, passível de ser observado durante um jogo, senão em todos os movimentos, mas em alguns deles, que funcionariam como uma espécie de traços diacríticos, altamente apreciados e mesmo exigidos, como condição de identificação entre uma dada equipe que representa a nação e a auto-imagem que esta faz de si mesma. Simoni Guedes seguiu na mesma direção, acrescentando que, além de cronistas e intelectuais, que são aqueles a quem compete, usualmente, estabelecer estes nexos mais abstratos, os próprios torcedores, por intermédios de apupos ou aplausos, conformam a maneira como os jogadores se comportam dentro de campo.

Na tese, acho que adotei uma posição intermediária. Mas não foi por razões políticas. Os argumentos de Zé Sérgio me parecem convincentes, especialmente depois que trabalhei com a percepção da crônica francesa acerca da participação brasileira na Copa de 1938. Foi nessa época que se passou a usar a expressão futebol-arte. No Brasil ela quase sempre teve uma conotação afirmativa, justamente porque opunha-se à ideia de força. Entre os cronistas franceses era uma categoria ambígua, pois revelava, ao mesmo tempo, talento para o trato da bola e inépcia em relação ao sentido do jogo. Na visão deles, os brasileiros mostraram-se exímios malabaristas, mas não passaram disso, seguidamente perdendo tempo e oportunidades ao trocar a objetividade pelas fintas, dribles com esquiva – tão característica da capoeira – e outras excentricidades. Nós não temos como recuperar imagens desse período, mas certamente que as técnicas corporais locais marcaram a maneira de usar o corpo de forma mais acentuada do que marcam no presente – e aqui a capoeira é imprescindível de ser pensada como um dos espaços de constituição da hexis corporal. O treinamento incorporado ao longo da formação apaga muitas desses idiossincrasias, individuais e coletivas, daí porque é difícil de notá-las nos jogos entre equipes de ponta. Mas observando jogos de categorias de base, em especial os estilos de arbitragem, acho que pude notar, em algumas ocasiões, esses marcadores de nacionalidade e regionalismo. Não posso, todavia, dizer que não os estive procurando. E como diz o dito popular: quem procura, acha!

Seja como for, futebol-arte e futebol-força são categorias de época. Elas perderam boa parte da eficácia distintiva. Com a circulação transnacional de jogadores e, sobretudo, de tecnologias usadas na preparação – seja na formação ou no treinamento – é difícil convencer alguém de que existe algo tipicamente brasileiro ou argentino na maneira de atuar das respectivas seleções. Como crer nisso se praticamente todos os atletas, de ambas as seleções, atuam na Europa, e muitos deles são, inclusive, companheiros de clube? O fato de vestirem, vez por outra, a camisa de suas seleções nacionais seria suficiente para mudar radicalmente suas maneiras de se portar em campo? Não creio. Algo também mudou na crônica esportiva, incluindo-se os comentaristas, cada vez mais recrutados entre ex-jogadores. Eles veem o jogo desde o ponto de vista de quem atua, destacando a lógica da economia política dos movimentos, sejam eles individuais ou coletivos. É esta, atualmente, a interpretação que predomina, juntamente com outra, de viés psicologizante – que apela para a motivação dos atletas, o temperamento e outras variáveis do gênero.

Vários colegas trabalharam sobre o tema, influenciados por nomes já referidos aqui, e também pelos trabalhos de Eduardo Archetti, Pablo Alabarces, Ronaldo Helal, Jorge Antônio Soares, Bernardo Buarque de Holanda, Túlio Barreto, Édison Gastaldo, entre outros. Eles escrutinaram o ponto de vista de cronistas, literatos e intelectuais renomados – em especial, Gilberto Freyre. Mais recentemente passou-se a perscrutar os jornais, mas eu penso que só com etnografias da audiência e da assistência é que poderemos atualizar este debate, saber se os estereótipos veiculados nos grandes mídias são adotados pelos torcedores, que outras categorias de entendimento são acionadas e assim por diante. De qualquer modo seria um trabalho mais na perspectiva de Bromberger. É pouco provável que subsistam diferenças de estilo tais como existiram nos primórdios do século XX, quando os intercâmbios de imagens, de jogadores e de tecnologias de preparação eram insignificantes se comparados com o presente. No entanto, alguns residuais ainda sobrevivem. Os brasileiros seguidamente inventam novas técnicas, sobretudo no plano individual. Em geral, nossos meninos têm mais oportunidades de se experimentarem corporalmente, seja porque nossa cultura é rica e diversificada neste campo, seja porque o aprendizado das técnicas elementares do futebol continua sendo realizado à certa distância das pedagogias tecnicistas. Na Europa é comum os meninos irem ao clube para aprender as técnicas mais elementares, como os daqui aprendem natação, judô, tênis e outros esportes menos populares. Nos clubes – e escolinhas – se ensina o que é mais importante para o desenvolvimento do jogo e os profissionais gastam a maior parte do tempo treinando passes, que são essenciais num jogo coletivo. Seria irracional que um técnico deixasse de treinar passes para treinar bicicleta, pedalada ou elástico. Porque cada jogador faz algo em torno de 50 passes por jogo e apenas alguns dribles. Então eu acredito que essas jogadas extraordinárias que os brasileiros fazem – conquanto não sejam os únicos – poderiam ser pensadas como uma espécie de residual da formação pré-profissional. Seriam como certas lembranças da infância que por vezes nos ocorrem.

Confira a segunda parte da entrevista no dia 18 de novembro.
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