40 Anos da Copa de 1978

Depoimentos de jogadores da Seleção

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Edinho antes do início da entrevista.

Nota Explicativa

Esta série é parte integrante do projeto “Futebol, Memória e Patrimônio”, desenvolvida entre os anos de 2011 e 2012, com o apoio da FAPESP. A pesquisa foi realizada em parceria pelo CPDOC, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e pelo Centro de Referência do Futebol Brasileiro (CRFB), equipamento público vinculado ao Museu do Futebol/Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. Nesta seção, serão apresentadas as edições de 10 entrevistas concedidas por atletas brasileiros que estiveram presentes na Copa do Mundo de 1978, na Argentina, a décima primeira edição do torneio organizado pela FIFA. São eles: Emerson Leão, Oscar, Edinho, Carlos, Valdir Peres, Reinaldo, Zico, Nelinho, Zico, Rivellino e Polozzi. O propósito dos depoimentos, com base em sua história de vida, método caro à História Oral, foi rememorar as lembranças dos futebolistas acerca de sua participação na competição, de modo a destacar os preparativos para o Mundial, os jogos e a volta ao Brasil, após a conquista do título inédito. O depoimento a seguir foi concedido no dia 30 de maio de 2012, em sua residência, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. Para assistir ao vídeo com a gravação completa, clique aqui.

Entrevistadores: Carlos Eduardo Sarmento (FGV/CPDOC) e Daniela Alfonsi (Museu do Futebol); Transcrição: Fernanda de Souza Antunes: Edição: Pedro Zanquetta

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Edinho. Ilustração: Xico.

Edinho 

Edino Nazareth Filho nasceu no dia cinco de junho de 1955, no Rio de Janeiro. Viveu boa parte de sua infância no bairro do Leme, onde costumava jogar futebol de praia. Aos catorze anos, ingressa no juvenil do Fluminense. Em 1973, aos dezoito anos, faz o primeiro jogo no time profissional do tricolor carioca. Neste, disputou 358 jogos e marcou 34 gols. Foi um dos grandes jogadores da história do clube, conquistou um título carioca e arrematou diversos títulos internacionais. Pelo Brasil, jogou 87 partidas, das quais 28 pela seleção olímpica e 59 pela seleção principal. Esteve presente na Copa do Mundo de 1978. No Mundial de 1982, na Espanha, foi reserva de Luisinho e entrou na partida contra a Nova Zelândia. Em 1986, na Copa do Mundo do México, recebeu a braçadeira de capitão. Deixou o Fluminense em 1982 e passou a jogar pela Udinese, da Itália. Atua por vários anos ao lado de Zico. Fez cinco temporadas pelo time italiano e retornou para o Brasil em 1987. Contratado pelo Flamengo, conquistou a Copa União, competição organizada pelo Clube dos 13. No ano seguinte, volta ao Fluminense, onde joga até 1989. Jogou no Grêmio e foi campeão gaúcho e da Copa do Brasil, antes de encerrar sua carreira em 1990. Com a aposentadoria dos campos, foi pioneiro na popularização do futebol de areia ao lado de ex-jogadores como Júnior e Cláudio Adão. Em 1991, foi técnico do Fluminense, conquistou a Taça Guanabara, feito que se repetiu dois anos mais tarde. Também trabalhou como treinador no Flamengo, no Vitória da Bahia, no Brasiliense, no Atlético-PR e no Americana-SP. Quando da concessão da entrevista, era comentarista do canal Sportv.

 

Depoimento

Edinho, fale um pouco sobre a sua formação e o ingresso no juvenil. Você começou jogando futebol de praia, não foi?

É. Comecei na praia com 12 ou 13 anos de idade. Antes disso, não me lembro de jogar futebol. Quando vim morar em Copacabana, meu primeiro clube foi o Radar. Depois, morei no Leme e joguei no Copa-Leme. Muita pelada, dupla de praia, futebol de salão, futebol com chapinha… Jogava de tudo. Num domingo, estava sem fazer nada com dois amigos, quando li no jornal sobre uma experiência no Fluminense: – Vamos, vamos, vamos, vamos! Nem meião eu tinha, o meu negócio era jogar descalço na praia. Consegui uma chuteira e fomos. Chegamos lá e tinha mais de 200 crianças, todos garotos entre os 13 ou 14 anos. Apresentei-me como meio de campo. Fui escolhido de cara e me colocaram no treino de quarta-feira, dos efetivos do time. Logo virei titular. Fui envolvido pelo futebol! No começo era brincadeira, depois foi ficando mais sério.  Foi em 1969, tinha 13 anos de idade. Comecei minha carreira como “dente de leite”, passei pelo infantil, pelo infantil-juvenil, juvenil e rapidamente para o profissional.

Como era o vinculo com o clube? Você era federado, tinha horário certo de treino e regras a seguir ou era tudo mais informal?

Não, no “dente de leite” eu treinava duas vezes por semana e jogava uma vez… Nos finais de semana sempre tinha algum torneio amistoso. Estávamos sempre em atividade. Depois, joguei no infantil, e isso traz um sentido profissional maior e prepara para as próximas categorias. No infantil já existe um regime profissional: tem ajuda de custo, passagem, escola – e isso é muito justo! –, e então você começa a entrar nesse processo e evolui.

Sua família apoiava?

Não me lembro de nenhum momento no qual a minha família tenha ido contra… Eu sempre fui muito independente, fui criado assim… Na época tinha muito menos problemas de segurança na rua e as crianças eram mais soltas. Eu era muito solto. Meus amigos também foram criados assim… Não tinha esse negócio de condomínio, não. Eu ia tranquilo, pegava dinheiro com a minha mãe ou meu avô e ia ao treinamento. Nunca tive nenhum problema com a família. Ao contrário, meu avô me apoiava e sempre ia aos jogos. Eu também nunca comentei muito sobre o que estava acontecendo. Sempre fui de resolver os meus problemas sozinho.

Você vivia com seus pais? Qual era o trabalho deles?

Minha mãe era separada. Eu morava com meu tio, meu avô, minha mãe e meus dois irmãos. Fui praticamente criado pela minha mãe e pelo meu avô.

Você frequentava a escola da região?

Sempre frequentei a escola e minha mãe fazia muito sacrifício para pagar o Anglo Copacabana. Sempre adaptei a escola ao meu horário de treino porque, no começo, os treinos aconteciam de noite e eu estudava de manhã, então ficava fácil. Quando as coisas ficaram mais sérias, o treino mudou para à tarde e então comecei a estudar à noite. Depois o Fluminense começou a pagar a escola. Então, treinava na parte da manhã ou da tarde – ou os dois períodos –, e frequentava a escola de noite.

Você sempre jogou na zaga?

Não, eu era atacante. Sempre fui muito versátil e também jogava no meio de campo. Naquele momento do treinamento, levantei o dedo quando perguntaram quem era meio de campo – nem sei por que, pois eu era mais atacante… Mas fui aprovado e fiquei nessa posição. Eu também gostava e sabia jogar no meio. O processo para a defesa foi numa dessas seletivas – antigamente existiam muitos jogos entre seleções regionais –, e tinha um torneio em São Paulo, no qual o meu treinador do Fluminense era também da seleção regional. Eu estava na seleção B – tinha a A e a B –, e ele me colocou como zagueiro, porque me conhecia e gostava de mim. Esse torneio era em São Paulo e tinha algumas premiações: melhor jogador, segundo e terceiro melhores jogadores… Quem geralmente recebia esses prêmios eram os zagueiros, e então ele me colocou nessa posição achando que eu poderia ganhar o prêmio. Ganhei em terceiro lugar – uma bicicleta! Joguei muito bem e no retorno mudei de categoria. E naquela empolgação de posição nova e tal, eu fui ficando, ficando… Não me lembro do momento no qual realmente me tornei efetivo. Fui deixando rolar e, quando percebi, já não dava para voltar atrás.

Você já era zagueiro quando se profissionalizou?

No juvenil já era zagueiro. Antigamente, não tinha juniores, era juvenil mesmo. Com 18 anos subi e me tornei profissional, mas ainda jogava nas categorias de base. Treinava em cima e jogava em baixo de vez em quando. Frequentei por muito tempo a Seleção Brasileira olímpica e não podia me profissionalizar, porque só jogavam os amadores. Então, tinha um contrato assinado de gaveta, mas não podia ser registrado porque a CBF[1] e a CBD[2] ainda precisavam de mim nesses jogos.

Você foi campeão dos jogos Pan-americanos?

Fui. No Pan-americano e no Pré-olímpico também. Nas Olimpíadas, ficamos em quarto lugar.

Essa foi sua primeira experiência jogando no exterior ou já tinha jogado pelo Fluminense?

Tinha ido uma vez pelo Fluminense. Foi engraçado… Nunca revelei isso, mas não é nenhum problema: Na minha certidão de nascimento consta a data de cinco de junho, mas nasci realmente em cinco de março. Eram dois meses de diferença… Achava estranho, mas depois comecei a entender essa situação… Nunca perguntei aos meus pais o porquê disso – à minha mãe, principalmente –, mas imagino certas coisas…  E teve um torneio no qual só participavam jogadores nascidos de junho em diante. Como na certidão eu fazia aniversário em junho, passei despercebido. Então, quando cheguei a Paris, era justamente dia cinco de junho e todo mundo começou a cantar parabéns… E eu cantei também, sem saber! [risos] Quando percebi que era pra mim, pensei: – Poxa, preciso ficar atento a essa data! Às vezes me esquecia do dia cinco de março, ou comemorava as duas datas… Meus amigos até brincam comigo. A partir daí fiquei mais atento ao dia cinco de junho.

Você notava muita diferença no futebol de dentro e fora do Brasil?

Notava. No Fluminense, nas Laranjeiras, só tinha grama nos corners…Todas as categorias treinavam no mesmo campo, inclusive o profissional. Todos no mesmo campo!

E as partidas oficiais aconteciam lá também?

Não. Só algumas vezes, se o campo estava muito bom no começo da temporada. Mas o campo lá era horroroso, pura terra. Jogar fora do Brasil era uma delícia, porque os gramados proporcionam um futebol melhor.

Como foi jogar na Seleção?

A seleção é um processo natural. Você joga no seu clube sempre almejando uma seleção. Comecei a participar da seleção aos 18 anos, no Pan-americano, e foi um processo natural. Na seleção olímpica você é visto pela seleção principal.

Você esteve presente nas diversas formações da chamada “máquina tricolor” – um período muito marcante na sua trajetória e na história do Fluminense. Como foi essa experiência?

Eu participei e vi tudo de perto. Foi muito importante para mim, principalmente porque eu era jovem e conviver com os jogadores consagrados foi uma coisa excepcional. O Horta[3] fez trocas, contratou muitos jogadores e movimentou o futebol, principalmente no Rio de Janeiro, onde estava meio parado. Foi um período forte do Fluminense, do qual eu tive a honra e a oportunidade de participar e isso me trouxe muita experiência.

Nas suas horas livres você jogava futebol na praia?                                   

Não. Você vira profissional e não pode mais brincar de amador… Antigamente existia um rigor maior, pois o passe era preso ao clube e qualquer ocorrência com o jogador era responsabilidade do clube e podia, portanto, prejudicá-lo. Hoje existe um contrato: se um atleta se machuca, esse contrato é rescindido e ele vai embora. Quem sofre é o jogador. Eu gostava muito de jogar “pelada”, mas fui perdendo o gosto. Eu fazia aquilo todo dia profissionalmente e era muito preparado, então ficava difícil jogar bola com pessoas sem o mesmo preparo. Eles não iam se divertir… Já eu, ia me divertir muito mais! [risos]

Você tinha expectativa de ser convocado para a Copa de 1978?

O Claudio Coutinho já tinha me preparado, pois sabia alguma informação sobre a minha convocação.

Na Copa do Mundo de 1978, a Argentina e o Brasil viviam, ambos, sob uma ditadura militar. Isso influenciou a seleção?

Não. Eu tinha pouca noção dessas coisas. Não era alienado, mas era muito focado e não percebia… Essas informações não chegavam a nós. Comecei a ter conhecimento do problema na Argentina, quando vi as manifestações. A pior delas foi em Rosário, Brasil X Argentina, zero a zero. Ali sim! Ninguém sabia, não apenas nós, atletas, mas a diretoria, o treinador, ninguém tinha noção de nada… Aquele era um jogo decisivo que, por ignorância, não foi tratado como tal. Nós tínhamos time pra ganhar e jogamos bem. Mas na nossa cabeça o resultado de zero a zero estava bom… Não saímos tristes, porque não entramos com essa ideia: – Oh, precisamos ganhar de qualquer maneira! Ninguém estava preparado para isso. E o Brasil podia ter ganhado se encarasse de maneira diferente. A Argentina ainda mudou o horário da partida… Mas não tínhamos noção, porque estávamos ali para jogar futebol. Quem devia prestar atenção a isso era a comissão, a diretoria e as pessoas envolvidas. Aquele gol anulado foi um absurdo![4] Contra a Suécia, empatamos em um a um. Contra a Espanha, empatamos também, zero a zero, mas quase perdemos esse jogo… A equipe não estava bem, porque a grama saía do campo! E na partida seguinte o Zico, o Reinaldo e eu não jogamos. Ganhamos da Áustria de um a zero – gol do Roberto Dinamite, que entrou no lugar do Reinaldo.

Houve mesmo uma pressão do Heleno Nunes[5] na escalação do Roberto Dinamite?

Deve ser. Até hoje dizem isso e eu não acho ruim. É uma pressão natural: eu quero um determinado atleta colocado, faço pressão e você cede se quiser, ou não. Mas naquela época a pessoa podia ser presa se não cedesse… [risos] O Roberto era um grande jogador – não tinha sido convocado porque existia o Reinaldo e outros jogadores de qualidade. Antigamente tínhamos muitas opções de convocação.

Havia um grande temor do Brasil ser eliminado na primeira fase e isso seria um desastre, inclusive, para o Regime Militar. No final da Copa, o jornal O Globo publicou matéria afirmando que, se o campeonato tivesse sido pautado no ponto corrido, o Brasil seria o campeão. [risos]

Se o Brasil fosse eliminado na primeira fase, seria uma desgraça para o Regime e para todos. Mas a Seleção Brasileira era uma grande seleção, saímos invictos. Depois espalharam essa historia do Brasil ser o campeão moral, mas eu nunca assumi isso. Campeão moral… Isso é choro de perdedor. [risos] Quanto ao ponto corrido, o regulamento permite alguns jogos nos quais você pode perder e, por isso, às vezes experimentam jogadores neles. No final, o time pode até ter um número menor de pontos, mas isso não impede que ele seja campeão.

Você assistia aos jogos da Seleção e prestava atenção no jeito do outros jogadores?

Sempre fui ligado em futebol. Desde moleque copiava alguns jogadores. Eu gostava muito do Gerson, um meio de campo canhoto, que botava o calção embaixo e chutava com a esquerda. Isso me ajudou bastante a treinar e trabalhar a minha própria esquerda, porque eu usava as duas pernas. Até hoje, valoriza bastante usar as duas pernas.

Em 1980 o Fluminense já não era mais a “máquina tricolor”, mas dizem ser o momento do seu apogeu físico e técnico. Você foi a Seleção, participou dos amistosos e das eliminatórias. Por que o Telê não colocou você jogando?

Eu não sei te responder… Ninguém sabe. O Telê era muito turrão e precisava escolher, por isso fazia as opções que achava melhores para a equipe. Na época, bateram muito na tecla de eu ser o titular, mas ele já tinha chamado o Luizinho – um bom jogador, que participou de toda a preparação antes da Copa. Mas a competição é muito curta numa Copa do Mundo, e o time inicial nem sempre é o mesmo da final. Os jogadores sentem o momento da Copa de forma diferente e as decisões precisam ser tomadas rapidamente, sem tempo de pensar. E o Telê não teve essa decisão, talvez até porque falavam demais para ele não ceder à pressão.

O clima entre os jogadores era bom? E a preparação? Fale um pouco sobre esse momento.

O ambiente era bom, porque a gente convive muito tempo. A preparação durava um mês, um mês e meio, todos viajando juntos, por isso nos conhecíamos muito bem. Mas na Copa do Mundo são 22 jogadores e todos querem jogar. Quem não joga, fica ali torcendo, mas no fundo quer jogar. Todos buscam o seu espaço. Alguns questionam o treinador, outros vão para a imprensa e tem aqueles que treinam. Eu treinava e mostrava o quanto estava bem. Todo mundo via isso. Era a minha pressão. Ninguém ficava rindo, o pessoal torcia de verdade no jogo. Mas durante o treinamento, aquele era o meu momento e por isso treinava a sério, mostrando a minha insatisfação: eu queria jogar. Mas estava feliz de participar da Copa do Mundo.

Não existia a possibilidade de diálogo com o Telê?

Com o Telê não tinha diálogo. Antigamente, era muito normal a falta de diálogo e a gente entendia muito bem isso. Precisava mostrar o que queria de outra forma e eu fazia isso treinando muito, mostrando preparo e deixando todos observarem aquilo. Fazia um tipo de bate e volta, porque a informação chegava à imprensa. Mas falar mesmo, eu nunca falei nada, apenas que estava preparado se ele quisesse me usar. E ele sabia disso.

Na copa de 1982 o Brasil se preocupou muito com o jogo da Argentina – até por causa da derrota de 1972, mas ganhou da Argentina e foi jogar contra a Itália. Houve certo menosprezo pela Itália, por parte do time brasileiro?

Eu não joguei. Tinha me machucado no dia anterior porque treinei muito. Nem fui para o banco nesse dia – depois de muito tempo, fiquei sabendo pelo preparador físico da intenção do Telê me colocar naquele jogo. Mas tinha uma euforia tomando conta, não apenas do grupo, mas de todos em torno da Seleção do grupo era até um pouquinho menos. E a diretoria também, o presidente, o técnico era o Coutinho, se não me engano. Na hora da preleção, fui o primeiro a chegar e encontrei o presidente todo empolgado dizendo: – Pô, Edinho, a gente consegue chegar à premiação, se ganhar, é isso mais aquilo e tal. E eu respondi: – Presidente, a preleção não é o momento de falar nisso. Nós estamos preocupados em ganhar o jogo, não com a premiação! Essa era a minha cultura, a cultura do Fluminense. Fui preparado para isso, para em dia de jogo, na preleção, não falar em dinheiro, em premiação. Muitos adotam isso até hoje. Não é aconselhável falar sobre isso no dia do jogo, porque uns podem receber bem e outros não. Logo em seguida chegaram o Junior e o Zico, e eu falei: – Oh, Zico, está acontecendo isso e isso. O presidente quer anunciar e tal. Eu não acho bom. – Não! Tudo bem! Porque no Flamengo não tinha essa questão. Como eu não ia jogar, não disse mais nada. Então o presidente falou da escolha de uma moto ou carro, conseguidos com os patrocinadores. Eu senti o ambiente mudar: Os jogadores pensaram na premiação antes de conquistar a vitória. E aconteceu aquilo no jogo. Não sei dizer se isso atrapalhou, mas aconteceu. O Brasil jogava avançado e muitos dizem que por isso tomou gol, mas no terceiro gol, havia onze jogadores brasileiros na área! As pessoas falam por falar. Naquele momento, o time jogava na retranca. Ou seja, não tinha como ganhar aquele jogo. Só depois de muito tempo eu tomei coragem de rever a partida. O Brasil jogou muito bem, mas aquela era a tarde da Itália.

O resultado foi um peso nessa geração de jogadores, não?

É. Uns dizem que não, mas eu fiquei um pouco frustrado. Jogar por praticamente oito, dez anos na Seleção Brasileira, em três Copas do Mundo, e não trazer um título para o Brasil… Em todas as Copas nós fomos os favoritos. Em 1978 a gente não perdeu nenhum jogo, em 1982 fomos a melhor Seleção, e em 1986 éramos a Seleção de 1982 um pouco mais experiente, mas aconteceu o aquilo… Eu carrego essa frustração. Não chega a me incomodar, mas não é uma coisa muito confortável.

E o episódio das placas de publicidade[6]?

Ah, o Serginho e o Éder ficaram muito chateados comigo… Um repórter foi me entrevistar em Udine, na Itália – depois da Copa do Mundo eu fui jogar no Udinese, onde fiquei uns cinco anos. Esse repórter, da Revista Placar, ficou três dias me entrevistando, uma entrevista grande. Recebi-o na minha casa e minha esposa ajudou-o a fazer compras, porque o neném dele estava para nascer… Um dia, indo a um amistoso de ônibus, ele perguntou: – E ai, Edinho?! E aquele negócio das placas? Eu falei: – Olha só, eu não sei desse negócio das placas. Depois da Copa do Mundo escutei alguém dizendo que ofereceram dinheiro a um jogador e ele não aceitou, mas alguém pode ter aceitado esse dinheiro. Ponto e acabou. Quando vi, a revista publicou não sei quantas páginas, três dias de uma pergunta só. Saiu como se eu tivesse dito daquele jeito.

Inclusive falando quem era o jogador, não é?

Falando quem era e tudo… O Serginho e o Éder ficaram muito chateados comigo, e com razão. Tentei me desculpar, mas eles não aceitaram. Tudo bem, eu tenho a minha consciência tranquila. Mas você nunca sabe até onde pode repercutir uma noticia publicada. Eu nunca soube essa informação e vendo os jogos é possível perceber isso. Por isso tenho a consciência tranquila.

Você já sabia da contratação da Itália antes da Copa?

Eu estava “apalavrado” e fechei negócio durante a Copa. Depois da Copa eu nem voltei ao Fluminense, fui direto a Udine.

Entrevistamos alguns jogadores – o Índio e o Amarildo –, e eles contaram sobre a dificuldade de adaptação na Itália, por causa do clima. Udine é uma cidade muito fria e, segundo consta, as rivalidades locais tornavam os jogos muito intensos, com muita pressão sobre os jogadores. Você sentiu isso quando entrou no Campeonato Italiano?

Não senti, mas vi muitas pessoas sentindo. Não no campeonato, porque você é preparado para esse ambiente de pressão, de rivalidade e da cobrança em ganhar as partidas. Agora, vi muitos jogadores não se prepararem para sair do país. La fora é tudo diferente: não tem seus amigos, e tem a dificuldade de falar a língua. É um ambiente no qual você precisa rever seus conceitos, conhecer a cultura local e tentar se adaptar rapidamente. Se você vai morar no estrangeiro querendo viver como no Brasil, vai ter problemas, não vai conseguir se adaptar. Vai ficar triste e solitário, querendo voltar rapidamente. Já fui com essa intenção, pois sempre quis jogar fora. Então tentei me adaptar, me enxergar como um atleta local, como uma pessoa local. – Preciso fazer o que eles fazem, não posso fazer diferente! E foi assim. Engraçado, eu era muito garoto, um garoto de Copacabana, Fluminense, ídolo. Estava muito na moda e preparei minhas malas para a viagem. Chegando lá, continuei me vestindo como eu me vestia aqui. Aí fiz amizade com um colega e ele comentou: – Aqui, ninguém se veste assim, não! Fechei o meu baú e comprei tudo lá. Comecei a me vestir como eles, pois queria que me vissem como um deles… No primeiro ano foi muito difícil com o italiano. Você aprende um pouco e começa a falar – Nós vai e nós fica. No segundo ano, achei que não dava mais para falar errado. Comecei a estudar italiano e passei a falar melhor. A escrever e a ler também. Nas viagens, me viam como jogador, uma pessoa integrada ao ambiente. Acho isso importante.

Você sempre quis jogar fora. Por quê? Qual era a motivação?

O meu futebol podia se dar bem lá fora. Era um futebol mais europeu, mais de força física e técnica. Tive uma proposta da França de um milhão de dólares, mas o Fluminense não quis me vender na época. Quando renovei meu contrato, eles não tinham dinheiro para pagar o quanto eu achava que merecia. Aí eu falei: Tudo bem, vamos assinar um documento terminando o contrato. Vocês não tem como pagar, então me liberem por 500 mil dólares. Assinamos e depois eu tratei diretamente com a Udinese.

Você tratava diretamente com o clube, sem intermediários?

É. O meu ex-sogro intermediava. Ele era advogado e ficava mais fácil.

Você foi com a sua família?

Isso. Eu era casado e, na época, tinha um filho. Foi todo mundo para lá.

Como foi conviver com o Zico no Udinese?

A cidade era pequena para o futebol dele. O Zico foi excepcional, jogou muito bem!

É uma pessoa muito simples. Somos amigos e fui eu quem indicou… Indicou?! Eu fiz o clube acreditar na possibilidade do Zico jogar em Udine. Mas o Zico jogaria aqui?! – Ué, façam a proposta, conversem com ele! Eles vieram aqui, fizeram a proposta e ele foi contratado. O Zico é gente boa demais.

Depois ele veio passar um tempo na Gávea e você seguiu. [risos]

Eu o levei para Udine e ele me trouxe para a Gávea.

Nessa época, o futebol brasileiro já era renomado fora do país. Como você – um craque da Seleção –, foi recepcionado pelos italianos? Havia esse reconhecimento?

Nesse período, não muito. A Itália era um país campeão. Tinha algum reconhecimento, claro, mas o italiano se considera melhor em tudo. Dificilmente diriam que o Brasil é melhor, e isso é normal lá. É um país maravilhoso. Adoro os italianos e a Itália. E também acho o futebol da Itália muito bom. Agora, o Brasil é cinco vezes campeão do mundo! A Itália, na época, era apenas duas vezes, não é?

Você tinha algum ídolo no exterior?

Tinha o Ruud Krol, um líbero holandês. Ele estava lá no Nápoles, na Itália. Gostava muito de vê-lo jogar e me inspirei um pouco nele. Era só um pouco mais velho.

E no Brasil?

Eu gostava do Gerson.

Ninguém da sua posição?

Da minha posição, não. [risos]. Eu olhava só para frente, sabe? Nunca fui zagueiro. Era um zagueiro, mas não olhava os zagueiros. Gostava de me inspirar em outras pessoas, do meio de campo, do ataque. No fundo, eu sempre fui atacante. Pensava como um atacante e jogava como um defensor. Isso me facilitou. Era mais fácil, porque eu era um zagueiro com cabeça de atacante e podia imaginar o que o atacante estava planejando fazer.

Na Copa de 1986, na partida Brasil X Polônia, quando o Careca prendeu aquela bola, ninguém podia imaginar o Edinho aparecendo nas costas dele daquele jeito, não é?!

É. Era importante eu, como zagueiro, causar aquela confusão no zagueiro adversário: Pô, lá vem esse cara aqui. Agora me confundiu… E deu certo. Fui como uma opção do Careca dificultar a vida do defensor. O Careca já não sabia mais o que fazer com a bola, tinha se perdido ali. Então quando passei, ele deu de calcanhar, eu ameacei chutar e cortei. Se fosse eu o zagueiro, não entraria naquele drible, porque podia imaginar o atacante, ou alguém, cortando. Ameacei chutar e cortei. Eu tinha 32 anos na época. Na verdade, eu sempre fui um amador. Profissional, mas com espírito de amador. Todo mundo dizia isso. No Fluminense, pós “máquina tricolor”, cansei de jogar sem receber salário, deixando os garotos receberem antes. O meu negócio era jogar e eu não deixava de jogar uma partida porque não recebi o salário, ou uma premiação. Jamais fiz isso. Jogava muitas vezes machucado e até me prejudiquei. Fiquei com sequelas, por causa das muitas contusões e torções no tornozelo, mas jogava mesmo assim. Eu vibrava, sempre gostei de jogar, ainda mais na Seleção Brasileira, na Copa do Mundo, sendo capitão e fazendo gol.

A imprensa da época reagiu muito mal ao fato da grande maioria dos jogadores convocados jogarem no exterior, não é? Como você retornou a esse grupo formado pelo Telê e alguns dos companheiros de 1982?

Quando o Telê voltou a Seleção, eu já tinha sido convocado pelo Evaristo de Macedo – ele saiu antes da Copa. A seleção de 1982 era considerada a melhor do mundo e o Telê entendeu isso. Acho essa a melhor explicação. Ele chamou os mesmos jogadores e apenas alguns novos – ele quis levar a base. No meu modo de ver, a maior incoerência foi levar o Leão. Não que ele não merecesse! Merecia, inclusive, ter ido em 1982. Mas não foi, e depois de quatro anos ainda estava muito bem, mas era de uma geração bem acima da nossa. E o Telê levou o Leão para ser o terceiro reserva em 1986! Não acho coerente levar um goleiro experiente como o Leão, participante de duas Copas do Mundo, como terceiro reserva. É criar um desconforto desnecessário. Ou o Leão iria como titular, ou não iria. Ele tinha condições de ser o titular. Agora, esse problema de jogar fora ou não… O Brasil não tinha a cultura de convocar jogadores de fora e nem precisava. A única explicação que eu posso dar é essa: o Telê quis levar os mesmos jogadores, ou pelo menos a base de 1982 e, de repente, consertar o erro de não ter me colocado como titular. E então ele me colocou como capitão.

O ambiente da Seleção era bom?

Antes da Copa do Mundo o ambiente é sempre bom, porque os jogadores querem sair na lista de convocação. Depois da lista, você já está na Copa do Mundo e aí começa a reivindicar, a botar as asinhas de fora e buscar a titularidade. São 22 jogadores querendo ser titulares. É um ambiente normal e natural, por isso é bom, mas todo mundo quer jogar. Eu, por exemplo, nunca fui amigo dos zagueiros enquanto estava na reserva, porque não seria legal da minha parte ser amigo e lutar pela posição deles. Eram boas pessoas, claro que eram! Mas eu não escondia minha luta pela posição. Eu queria entrar e tirá-los do time, não por machucado, nem nada, mas por merecimento. Agora, nos jogos, sempre torci pelo meu time.

Algumas questões internas vazavam e chegavam à imprensa, e o Leão era conhecido como uma pessoa polêmica. Como era isso? Ele era mesmo uma pessoa controversa?

Em um ambiente de 22 jogadores, cada qual com personalidades diferentes, é preciso saber conviver com a diversidade. Desde criança somos preparados para isso.  Convivemos com isso fora de casa, com as pessoas, com os jogadores. Então, isso não é um problema. O que não pode é alguém prejudicar o ambiente. O cara reivindicar, ter uma personalidade um pouco mais forte e cobrar alguma coisa é normal, é natural. Não pode é prejudicar o grupo.

Como era essa questão de sair à noite e participar de festas no período da concentração? O episódio com o Leandro ficou marcado. Isso era característico desse grupo? Era expressamente proibido?

Claro! Era proibido. O Leandro e o Renato… Vou ser sincero: sempre fui de outro grupo. Um grupo que levava a concentração e o treino a sério. Nunca tive informação de saídas desse outro grupo. Fiquei sabendo depois, mas na época isso não chegava a mim. A informação veio mais tarde, como essa do Leandro e do Renato. O próprio Romário levava mulher nas eliminatórias e sempre fez isso, ele mesmo contou. Agora, se aconteceu durante a Copa, durante as Seleções, durante os grupos, eu nunca presenciei. Dentro de um ambiente de concentração você não pode levar a mulher, a namorada, a esposa ou quem quer que seja…

Você concorda com essa proibição?

Não concordo e nem discordo. O regulamento é esse. Tira a concentração levar mulher, porque você precisa dar atenção a ela. Claro, não é? A própria esposa, ou namorada, não vai se sentir bem naquele ambiente, entre jogadores, só com homens… Nenhum tipo de preconceito, mas não é o ambiente ideal… Existem outros momentos, nos quais você pode ficar com a sua mulher.

Você comentou do anuncio de prêmios, no momento da preleção, desconcentrando os jogadores. Levar esposas, namoradas e mulheres, pelo visto, também pode desconcentrar. O que mais atrapalha a concentração de um jogador?

Qualquer coisa diferente do contexto é motivo de desconcentração, principalmente depois de uma derrota. Se você perde, tudo vira motivo, justificativa. O importante é o jogador fazer sua parte e criar um ambiente bom. Quando está concentrado, precisa focar exclusivamente no treinamento, no descanso…

O que você fazia na concentração quando não estava treinando ou jogando?

Me preparava para outro treino, pois eram vários treinos. Você descansa, conversa, joga cartas, escuta música no quarto de alguém. O atleta sabe lidar com essa situação. Nos momentos nos quais não há nada o que fazer, você busca alguma coisa, pois está preparado.

O ambiente de uma Copa do Mundo exige foco e concentração, pois se trata de um torneio de tiro curto, no qual todos os jogos são decisivos. Muita gente atribui a derrota da Holanda em 1974 à liberalidade na concentração – os jogadores levavam suas namoradas etc. Qual é a sua opinião?

Isso é cultural. Em alguns países nem existe concentração. O como você lida com a sua profissão é muito importante. Se você lida com tranquilidade, ninguém precisa ficar te vigiando. Até mulher na concentração… Um profissional, em véspera de jogo, não costuma levar uma mulher para o quarto e ter relações sexuais com ela, mas em alguns lugares fazem isso e se sentem bem assim. No Brasil, não. Nossa cultura acredita na importância da concentração.

O corte do Renato e a recusa do Leandro em embarcar, pelo menos pelas notícias na imprensa, foi um acontecimento inesperado, que desarvorou a Seleção. Conte um pouco mais.

Naquele momento falamos bastante sobre isso no grupo. Eu vi as coisas acontecendo, mas não me envolvi muito no caso. Lembro que, primeiro tentaram muito ligar do aeroporto, não conseguiram e foram até a casa dele. Mas ele não mudou de opinião e embarcamos assim mesmo. Foi um momento difícil, mas logo em seguida, superamos. Ninguém deve ficar olhando para trás. O cara não quis ir, tinha os motivos dele. Ele era importante na nossa Seleção e não quis ir. Entramos no avião, descemos lá, e olhamos para frente, vimos outras opções. O futebol não permite que você use qualquer derrota como justificativa.

Como é a função do capitão em um time e na Seleção Brasileira? Você já pensava em ser técnico algum dia? Como você desenvolveu essa habilidade de comandar equipes?

Ser capitão é muito importante, desde que se tenha liderança, domínio sobre o grupo e seja respeitado também. Quando fui capitão em 1986, eu não tinha nada disso… Sempre fui atento às coisas e muito critico também, mesmo não externando isso. Criticava comigo mesmo o que achava certo, errado, como o grupo recebia aquelas informações… Fui amadurecendo isso e tentando ajudar os treinadores nas equipes, porque, de certa forma, me ajudava também. Muitas vezes, quando não conseguia acesso aos treinadores, fazia diretamente com os jogadores. Como capitão e líder das equipes tentava, do meu jeito, consertar alguma coisa não bem recebida pelos atletas, ou algum caminho errado. Na maioria das vezes, o treinador nem ficava sabendo.

Algum treinador inspirou você?

Alguns, mas o mais importante foi na categoria de base do Fluminense, o falecido Pinheiro[7]… E o Enzo Ferrari, meu treinador na Itália, lá no Udinese. Ele também me ajudou muito.

Em sua opinião, o futebol mudou?

Tudo muda e o futebol também mudou. O Maracanã não é mais o mesmo. É a evolução natural das coisas, em todos os sentidos. Principalmente o físico mudou, com a entrada de patrocinadores, a cobrança um pouco maior. A própria regra também: Antigamente era possível transar a bola com o goleiro, hoje em dia o goleiro não pode mais ganhar a bola com as mãos. O futebol ficou muito mais dinâmico. A parte física entrou no futebol, a televisão entrou. Hoje é mais fácil questionar um árbitro. Todo mundo está exposto. Antes, você podia dar uma cotovelada num jogador, brigar ou até dar um soco… Ninguém via, hoje vê. Se tivesse televisão na época da decisão Inglaterra X Alemanha, a Inglaterra não seria campeã, porque aquela bola não entrou, bateu na trave! E assim vai. Estão querendo colocar chip na bola. Tudo é evolução e o futebol não pode ficar atrás. Outro dia, aconteceu o seguinte: O juiz deu um pênalti e, ao mesmo tempo, o auxiliar escutou alguém falando na televisão que não tinha sido e então anulou o pênalti. Ou seja, não pode mais marcar um gol errado. Já vi várias vezes a bola entrar por trás e o juiz marcar o gol. Não é justo isso. E o futebol tem disso, a bola não entra e você ganha o jogo mesmo assim… A bola não entrou, não é gol. Entrou, é gol. Acho justo, precisa ser assim. Hoje tem muito dinheiro, muita coisa envolvida no futebol para ficarmos presos ao erro de um árbitro que errou porque se enganou mesmo, ou porque combinou errar, não é? É isso aí.

Edinho, agradecemos a sua participação e gentileza em conceder essa entrevista.

Muito bacana. Espero que seja bem usado. Se vocês quiserem, estou à disposição. Assim que for a São Paulo, em breve, vou visitar o Museu!


[1] Confederação Brasileira de Futebol.

[2] Confederação Brasileira de Desportos.

[3] Francisco Luiz Cavalcanti da Cunha Horta: presidente do Fluminense entre 1975 e 1976.

[4] Jogo de estréia do Brasil contra a Suécia, na Copa de 1978, no qual o gol de desempate – uma cabeceada de Zico após a cobrança de escanteio de Nelinho – foi anulado pelo juiz, com a afirmação de ter apitado o término do jogo enquanto a bola ainda estava no ar.

[5] Almirante Heleno Nunes, presidente da CBD entre 1975 e 1979.

[6] Em 1986, Edinho disse ao repórter Marcelo Rezende, em reportagem para a Revista Placar, que Éder e Serginho Chulapa ganhavam 1.000 dólares para comemorarem os gols ao lado das placas de publicidade dos estádios, publicação que fez Sócrates afirmar que já estava na hora de alguém abordar o assunto, e que Zico corroborou, contando que recebera a mesma proposta, mas recusou, acreditando que tal procedimento atrapalha o futebol. Éder e Serginho nunca perdoaram Edinho pela entrevista.

[7] João Carlos Batista Pinheiro.

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Bernardo Borges Buarque de Hollanda

Professor-pesquisador da Escola de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV).

Daniela Alfonsi

Antropóloga, Diretora Técnica do Museu do Futebol e doutoranda pela USP. Trabalha com e pesquisa sobre os museus esportivos.
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