08.3

Ronaldo Lima

Equipe Ludopédio 6 de fevereiro de 2013

A entrevista desse mês é com Ronaldo Lima, produtor e narrador do futebol de várzea em São Paulo. Criador do jornal “A voz do futebol amador”, Ronaldo é uma figura conhecida no cenário varzeano de São Paulo.

Nessa entrevista, Ronaldo conta sua trajetória, fala sobre a paixão pelo futebol e pela locução esportiva, relata seus principais projetos etc. E conta histórias… muitas histórias da várzea!

Boa leitura! 

Ronaldo Lima é produtor e narrador do futebol de várzea em São Paulo. Foto: Max Nigro Rocha.

 

Primeira parte

Como foi o seu primeiro contato com o futebol de várzea?

O primeiro contato foi no campo do Metropolitano, onde tinha os jogos do Black; teve também um jogo na favela do Heliópolis entre Flor do São João Clímaco e Black Power, foi um jogo quente. Foram os primeiros contatos que tive com o futebol de várzea.

Quando foi?

Cara, estou com 42 anos. Vamos dizer que eu tinha uns 20 anos.

Você também jogava?

Não. Brincava de bola como todo garoto, ia, via alguns jogos, mas não participava ativamente. Era mais um espectador mesmo, gostava de ver futebol.

Nasceu e cresceu em São Paulo?

Sim, em São Paulo. Eu sou daqui, da Zona Sul, nasci aqui. Esse ano [2012] que mudei para Osasco. Mas sempre fui da região aqui do Ipiranga.

E o que você lembra do futebol de várzea da sua região de outras épocas?

Eu me lembro da Portuguesinha, do Flor de São João Clímaco, do Black Power (que já foi muito forte), do Inter do Velho Moinho. Eu me lembro desses times.

Fora o futebol de várzea, você sempre gostou de acompanhar também o futebol profissional?

Sempre acompanhei o futebol profissional. Tanto que eu fui trabalhar num escritório contábil que fazia serviço para a rádio Jovem Pan e eu queria trabalhar na rádio. Depois fui trabalhar na Jovem Pan, fiquei um ano, trabalhava na parte de faturamento, mas eu queria sempre ir para a equipe de esportes. Na hora do almoço, que era a hora do jornal de esportes, eu ia para o estúdio. Um dia eu fui falar com o gerente, ele falou que não tinha condições, então eu disse que iria sair da rádio, pois eu queria ir para o setor de esportes. Já que não tinha como, saí da rádio e fui me profissionalizar como radialista.

Então você chegou ao universo das Comunicações direto pela prática?

Sim. Eu ouvia muito o meu pai nas transmissões do Fiori Gigliotti, da Bandeirantes: “abrem-se as cortinas”, “é fogo”, “torcida brasileira”. Aquilo me encantou quando eu tinha 10 anos de idade. Eu lembro até de eu e meu irmão caçula, ainda garotos, conversando, ele falar: “Ronaldo, eu vou ser profissional da bola”; e eu falei: “Eu vou ser narrador de futebol”. E meu irmão foi preparador físico do Bragantino durante cinco anos, saiu agora, e está no Atlético Sorocaba, profissional, e eu me tornei narrador. Assim começou a minha história dentro do futebol. Trabalhei com o Felipão em 1998, campeão da Copa do Brasil; trabalhei no Nacional; trabalhei no time do Mogi das Cruzes. Tudo fazendo narração, gravando vídeo, na época em VHS. O câmera gravava em VHS, eu narrava e vendia as fitas para os pais. No Palmeiras era um trabalho contratado para o Felipão ver os jogos e depois mostrar para os jogadores.

No caso do Palmeiras, por exemplo, como você conhecia e tinha o primeiro contato com o clube?

Meu irmão foi trabalhar nas categorias de base da Portuguesa e eu comecei a acompanhar. Ele falou: “Ronaldo, vem, pois ninguém faz esse trabalho”. Eu ia com aquele radinho que tinha aquela fita DAT. Eu ficava no alambrado, na grade, fazendo a narração, e os pais começaram a ficar em volta de mim. Aí eu saquei: “Se os pais estão aqui, vou começar a gravar em vídeo”. Então contratei o câmera. Gravávamos em VHS, eu narrando, ele filmando, uma câmera só, lá embaixo mesmo com a grade na frente e os pais compravam as fitas. Fiz isso durante uns dois anos na Portuguesa. Fiquei um bom tempo lá. Certa vez, teve um jogo Portuguesa x Palmeiras, categoria de base. Eu estava fazendo a narração e um outro rapaz estava fazendo a filmagem para o Palmeiras. Esse rapaz falou: “Ronaldo, o narrador não veio hoje. Dá para você fazer para mim?”. Eu falei: “Dá”. Fiz a narração no dia e ele me contratou. A minha surpresa foi ter começado a fazer o profissional. Até aquele gol contra do Oséas eu narrei (risos). Então foi um negócio muito interessante. Algo que foi acontecendo e que foi muito legal. Tenho até saudades. Eu me lembro de um jogo, quando eles (meu irmão e o Gérson Sodré, que foi jogador da Portuguesa, Ceará e Fortaleza) foram contratados pelo Campo Limpo Paulista. Meu irmão foi contratado como preparador físico, o ônibus passou aqui na avenida Tancredo Neves e foi para Santos fazer uma categoria A4 ou A3 do Campeonato Paulista. E dentro do ônibus todos jogando dominó, baralho, aquela descontração toda, eu gravando e o pessoal comprando as fitas.

Ronaldo Lima é criador do jornal “A voz do futebol amador”. Foto: Max Nigro Rocha.

Você chegou a fazer cursos de narração?

Eu sempre tive uma idolatria pelo José Silvério. Quando eu conheci o José Silvério na rádio Jovem Pan, bem como Milton Neves, Wanderley Nogueira, vi como o Silvério é um cara fantástico. O auge do José Silvério foi na Jovem Pan. Eu falei: “Pô cara, quero ser igual a você”. Ele disse: “Então faz o seguinte: compra um Estrelão e começa a narrar futebol de botão”. Fui, comprei um Estrelão numa loja no Sacomã, comprei os botões, meus irmãos jogando eu narrando. Foi assim que eu comecei minha narração no futebol. E naquela época eu trabalhava no setor contábil da rádio. Na hora do almoço, o jornal de esportes era entre 12h e 13h30. Meu horário de almoço era entre 12h e 13h. Mas só voltava para o escritório depois acabava o jornal de esportes, 13h30. Cansei de mandar fita DAT para o Milton Neves e ele falava: “Você é o futuro José Silvério do rádio brasileiro, muito boa a sua narração”. Mas nunca dão espaço, é difícil.

Mas você treinava muito mesmo assim…

Se tiver um jogo aqui e agora, eu vou narrar. A minha especialização foi no SENAC (curso radialista, setor locução). Lá fiz o curso de texto, interpretação, aquelas coisas todas que tem dentro de um curso, os conteúdos. Mas narra futebol sempre foi natural para mim. Simplesmente a bola rola e eu começo a fazer narração. Foi dessa forma, natural.

E qual foi o primeiro jogo que você narrou?

Caro, vou te falar. Esse eu lembro, pois foi a Copa São Paulo de Futebol Júnior, e era Palmeiras x Nacional (Uruguai). Você imagina uma Copa São Paulo, tudo garoto, você não conhece ninguém, e os jogadores uruguaios todos cabeludos, iguais. Foi o primeiro jogo que fiz e pensei: “putz, como vou narrar o nome desses gringos?”. Tudo cabeludo, tudo estranho, não tinha como identificar o jogador. É um jogo que lembro até hoje, pois não conseguia identificar os jogadores uruguaios. Com o Palmeiras eu estava acostumado, pois eu convivia, mas com os uruguaios não. Mas foi engraçado demais. Tinha que fazer usando sempre o imprevisto. Muito interessante. Acho que foi o dia em que fiquei mais nervoso com o microfone na mão, mas por causa do time uruguaio. Se fosse um Palmeiras x Portuguesa, ou Corinthians, ou União de Mogi, daria para saber pelo número ou pela característica do jogador. Nós olhamos muito a característica do jogador. Eu sei se você está com a camisa 10, já sei que o camisa 10 é o Enrico. O Carlão está na ponta-esquerda com a 7, sei que o cabelo dele é raladinho. É mais essa identificação. Você procura detalhes no jogador para poder fazer a narração.

Esse primeiro jogo e todos os demais que você narrou você tem gravado, arquivado?

Os jogos do Palmeiras eu não tenho porque estavam com seu Vitório, falecido seu Vitório, fumava muito. Eu fiz uns 30 jogos do Palmeiras, entre categorias de base e profissional, muitos jogos Palmeiras x Corinthians no profissional, e a Copa do Brasil de 1998, que foi marcante. Participei da festa de comemoração do Palmeiras mostrando o vídeo com a minha narração para os jogadores. O Palmeiras foi campeão em 1998, com gol do Oséas. Foi muito legal.

Ronaldo Lima é uma figura conhecida no futebol de várzea em São Paulo. Foto: Max Rocha.

E como foi a passagem para a narração do futebol de várzea?

Eu ainda tinha esperança de trabalhar no futebol profissional. Eu viajei muito, fui para muitas cidades do interior: Amparo, Campinas, Matão. Só que justo nessa época começaram a surgir as redes de rádio. A Jovem Pan hoje, por exemplo, pega não sei quantas mil cidades no Brasil inteiro. Então as rádios regionais vão ficando sem produtos. Mesmo por que o enfraquecimento do futebol do interior foi acabando com os clubes. Se os times do interior não conseguem sobreviver hoje, imagina então as emissoras que transmitiam futebol. Foi ficando difícil. Fui para a Bahia, para Pernambuco, vários, Estados, procurar oportunidades. E era assim: “Se você tiver um patrocinador, você vem…”. E como é que vai conseguir um patrocinador? Fui fazendo outras atividades e acabei indo trabalhar nessa produtora. O pessoal da produtora perguntou: “Você não é radialista? Então, nós estamos com o Cocada [dirigente do Ajax da Vila Rica], começamos a transmitir do futebol de várzea, o narrador que estava lá parece que não vai mais. Você quer tentar fazer?”. Eu disse: “Tentar não, eu faço”. Daí eu fiquei cinco anos no futebol de várzea, de 2008 a 2012. Foi assim a minha transição para o futebol da várzea. Eu lancei o jornal “A voz do futebol amador”; eu promovi os debates; eu comecei a frequentar as sedes dos clubes; ou seja, comecei a dar a palavra para esse pessoal. Então parece que estou há muito tempo por causa disso. Porque o reconhecimento do trabalho que foi feito é exatamente esse que temos aqui agora na sede do Inter, a porta aberta para a gente fazer uma entrevista. Eu sempre valorizei todo mundo igual; desde o Pioneer e Ajax, times que mais gastam, até os times que menos gastam. Por isso que deu essa repercussão toda.

Quais foram as principais dificuldades no início do trabalho com o futebol de várzea?

A diferença é grande. No futebol profissional, eu podia xingar o Oséas. O máximo que ele iria fazer é dizer: “o que é isso, tal, você falando isso de mim…”. Na várzea não. Na várzea, dependendo do que você falar, você sai da cabine e é cobrado. Tanto que eu quase matei um goleiro. Eu não consegui dormir duas noites até resolver essa situação. Fomos gravar um jogo lá no Benfica e o juiz marcou uma falta. Foi um jogo no meu primeiro ano de várzea. O jogador bateu a falta, houve um desvio muito sutil, eu não vi e a bola passou debaixo do goleiro. Eu narrei: “gol, glu, glu, o goleiro tomou um peru”. Só que eu não sabia que já tinha uma história antes. O dono do time que esse goleiro jogava desconfiava que ele estava vendido para o outro time, que tinha pegado um dinheiro, uma conversa assim. Aí eu narrei um negócio desse. Quando o dono do time viu o jogo, rapaz, ligou para o Cocada: “Cocada, foi um peru mesmo? Se foi, nós vamos lá pegar o goleiro…”. Aí ele disse: “Quero falar com o narrador”. Ligou na minha casa: “Como é que foi?”. Eu disse: “Não, eu é que errei”. E ele: “Não, mas eu quero ver a cópia”. Fomos à produtora de noite, pegamos a cópia, levamos para ele e assistiu ao jogo: “Então tá certo”. Duas ou três rodadas depois encontrei o goleiro no campo e falei: “ô filho, quase te enterrei”. Ele falou: “Pô narrador, você quase me ferra”. Eu falei: “Pô cara, desculpa aí”, me retratei também durante a transmissão: “quem errou fui eu, não ele”. A carga em cima do goleiro foi muito pesada. Fo quando entendi que o futebol de várzea é diferente. No futebol de várzea você tem que ter uma linha de trabalho e seguir. Ainda bem que foi no meu primeiro ano, já aprendi a lição ali. Muito interessante.

Durante esses cinco anos você deve ter circulado muito pela cidade?

Andei bastante. Fiz a parceria do jornal com o Giba aqui do Internacional do Moinho Velho. Era meia-noite e meia numa terça-feira e a gente estava no Jardim Jaqueline. Quem é do futebol de várzea aqui sabe como é lá no time do Jaqueline. Sabe fazendo o quê? Entrevista para o jornal. Era um time de série B da Copa Kaiser. Era 23h30 e eles estavam mandando jogador vir fazer foto para o jornal. Aí eu destaquei na capa. Por que a capa do jornal, lembro até hoje, dizia: “A Kaiser vai ferver”, “Os melhores da elite do futebol da várzea”. E o único time da série B que estava com distintivo no meio dos distintivos da série A era o Jaqueline. Então, tem coisas que são impagáveis. Pegaram e usaram a capa do jornal todinha, o ano inteiro, na disputa da série B como palestra motivacional. “Já estamos na série A. O jornalista nos colocou na série A, com os logos dos times”. E o time subiu naquele ano. “Aí Ronaldo, vem aqui na quebrada”. Cheguei lá, o Marcelo do Jaqueline sem palavras. Cara, chegando lá me senti uma celebridade. Como ele era dono de açougue, eu saí de lá com sacolas com um tanto de carne. “Leva carne lá pro seu churrasco, pra sua rapaziada”. Rapaz, duas sacolas cheias de carne, tinha de tudo. E eu ganhei muito respeito com isso. Santa Cruz do Sinhá. Teve um jogo no campo do Flor da Vila Formosa, Ajax x Santa Cruz. E o Ajax é uma torcida que não adianta, muitos odeiam, é igual o Corinthians. Mas não tem jeito, a torcida dos caras é grande. A torcida dos caras faz a diferença. E dentro do campo do Flor, ali é praticamente a casa do Ajax. Eu narrando, de um lado a torcida do Santa Cruz e de outro a torcida do Ajax, em cima de mim. 1×0, gol do Santa Cruz. Eu narrei normal. 2×0, gol do Santa Cruz. 3×0, gol do Santa, no primeiro tempo. Nisso, a torcida do Ajax já estava brava; no intervalo, um diretor desceu e queria bater no técnico Lombardinho. Acabou o jogo 3×2. Durante a narração eu falei: “finalmente um time ganha do Ajax na bola, no pau e não teme, foi pro choque”. O negócio ali é feio. Na rua de cima é o Santa e na rua de baixo é o Ajax. Acho que isso foi em 2009. Aí veja bem o que aconteceu. Certo dia, o Johnny do Balão me liga: “Ronaldo, vem aqui na quebrada. Você vai em todas as quebradas, mas não vem aqui”. Eu disse: “Não, você sabe que eu vou em todas. Já que você está pedindo, eu vou”. Numa quarta-feira, eu saí daqui 10h da manhã e fui lá para a Favela do Sinhá. Rapaz do céu. Lá eles têm a torcida Bonde do Terror. Quando o Johnny entrou comigo dentro da favela, na comunidade deles, já vinha cara me abraçando: “você é o cara, você é o narrador, você é correto”. Pô, o jogo foi um ano antes. Aí me levaram na sede, colocaram um telão e passaram o jogo que eu narrei, 3×2 pro Santa Cruz. “Você foi o único que teve coragem de falar a realidade contra os caras”. Um tipo de reconhecimento que é gratificante. E isso dentro da Favela do Sinhá. Pô, o Inter do Moinho Velho. A primeira matéria do jornal foi aqui no Inter. Essa porta tem a foto do jornal. Para a gente ter esse privilégio aqui – pois é um privilégio estar aqui -, é porque você tem que dar a voz, os caras têm que ser reconhecidos, todo mundo. Eu não tive barreiras onde fui. O que é diferente com o Cocada, por causa da identificação dele com o Ajax. Afinal, o futebol de várzea é levado além dos campos… Zona Leste é complicado. Você já deve ter ouvido algumas histórias. Mas isso é normal. Vou te contar outra. Final da Kaiser, Turma do Baffô x Classe A. E eu sou meio peitudo. O pessoal do Classe A falou para mim: “Ronaldo, vem aqui no samba”. Sexta-feira tem um samba lá que ferve, ali perto da Camisa Verde e Branco. Eu falei “vou” e fui com a camisa do Baffô. O pessoal do Baffô me deu a camisa e eu fui com a camisa do Baffô. Aí entrei na sede dos caras, chegaram em mim: “Você é corajoso”. “Corajoso por quê? Eu vou com a sua camisa na feijoada dos caras e não vou vir com a camisas dos caras aqui? Tem algum problema?”. Isso dois dias antes da final. “Não, você sempre foi correto”, me falaram. “Por isso que eu vim. Ia me estranhar se vocês tivessem outro tipo de atitude”. Então, já joguei pra eles, você tem que usar um pouco a psicologia. “Não, de boa”. Sempre andei com a camisa do time. Só não vou fazer isso com o Ajax e o Santa Cruz. Mas em alguns lugares dá para fazer. Mas sabe, a gente se tornando uma pessoa que fica para além das rivalidades, por causa do tratamento que dá a todos.

Ronaldo Lima concede entrevista ao Ludopédio. Foto: Max Rocha.

E como era fazer o jornal “A Voz do Futebol Amador”?

Quando entrei na várzea em 2008 eu percebi que faltava um veículo de comunicação que falasse entre eles e deles. Pensei: ‘vou montar o jornal’. Em 2009 consegui montar e em 2010 saiu do papel. Eu pegava as folhas em branco, montava as oito páginas e desenhava nas folhas como eu queria o jornal. Sozinho. Quando resolvi montar o jornal, o Giba aqui do Inter falou para fazermos uma parceria, eu topei, fizemos a parceria, ele pagou a primeira edição do jornal; ele entrou com o dinheiro, eu entrei com o trabalho e o meu trânsito nos times. E o jornal saiu e, para a minha surpresa, foi com a repercussão que deu. Circulou bem. Deixava o jornal aqui no Inter e o Inter distribuía aqui no bairro; deixava no Baffô e eles distribuíam no bairro; ia ao Pioneer e o time distribuía no bairro; na zona leste, marcava com o Fuscão do Ajax e distribuía lá no bairro; no Santa Cruz, o Johnny distribuía. Pela amizade que fiz, eu deixava os volumes e eles distribuíam. Então o jornal teve vazão. Tanto que a Claro me procurou, através da Evidência Promotions, e entrou no jornal. Eram impressos 10.000 exemplares. Sabe uma coisa que eu vi? Eu fiz o teste. Eu começava a distribuir o jornal, depois eu dava uma volta para ver. Não via um no lixo ou no chão. Os caras guardavam o jornal. Impressionante. E aí então fiquei um pouco cansado, resolvi dar um tempo de julho para cá. A última edição saiu em fevereiro de 2012, no começo da Copa Kaiser. Como estava correndo demais, dei um tempo. Até porque financeiramente é meio complicada a captação depois que a Claro saiu. Mas ainda resgatei a Motorádio no jornal, Motobrás. Converso com eles até hoje. Por causa do que aconteceu na exibição do filme Futebol de Várzea no Museu do Futebol em dezembro, liguei para o Giba me falou: “Ronaldo, vamos pôr o jornal para não ficar sumido. Você está se ausentando um pouco, mas o jornal tem que circular”. Aí no ano que vem o jornal volta. Faço ele todinho pela internet, mando para a diagramação, dou o aval final, imprime, entrego para o Giba e ele distribui. O jornal foi um negócio fantástico, uma coisa maravilhosa na minha vida. Fui para a reunião, pois a Claro me chamou. Aí sentamos eu, Giba e o Fernando Testa, repórter na época, e mais dez pessoas do marketing da Claro sentadas na mesa. Perguntaram: “quantas pessoas fazem o jornal com você?”. “Eu e a diagramadora. Eu vou, faço as fotos, faço as entrevistas, as reportagens, ela monta, eu avalio a cópia final, vai pra impressão e distribui”. “Mas só você?”. E assim foi, na vontade, na raça. Muito legal. E vamos circular pela internet também, no formato digital, pois a abrangência é maior, o alcance é maior.

Então pretende continuar trabalhando com futebol de várzea mesmo morando fora de São Paulo?

Vou sim. Hoje mesmo acho que o Giba não está aqui porque tem um jogo no campo do Iporanga, onde estarão o Ralf e Romarinho do Corinthians. E tem um jogo que terá o Leandro Damião. O Giba já vai fazer fotos para o próximo jornal. Eu falei: “Giba, faz as fotos, que a gente monta o jornal, e já tem algumas matérias”. Isso é legal, pegar ex-jogador. O Leandro Damião disputou a Kaiser uns três ou quatro anos atrás. Então, é interessante. O jornal é isso. Você pode divulgar onde quiser, pois está falando deles. Foi para isso que montei o jornal.


Confira a segunda parte da entrevista no dia 20/02/2012.

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