Biblioteca

Seja um dos 14 apoiadores do Ludopédio e faça parte desse time! APOIAR AGORA
Tese

Locução de futebol no Brasil e na França, na XVI copa do mundo

Um cruzamento lingüístico ­cultural  de um evento discursivo
Ano

2002

Faculdade/Universidade

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo

Orientador(a)

Izidoro Blikstein

Tema

Tese

Área de concentração

Doutorado em Linguística

Páginas

321

Arquivos

Resumo

Este trabalho tem como objetivo a comparação de aspectos do discurso de locutores de futebol no Brasil e na França, durante a Copa do Mundo de Futebol, realizada em 1998, na França. O futebol, o esporte mais popular do planeta, está intrinsecamente arraigado à cultura do Brasil, enquanto, na França, ele é considerado “mais um esporte” em que esse país tem se destacado. O locutor esportivo é quem, pelo rádio ou pela televisão, dá voz ao jogo de futebol. Por sua linguagem, baseada em aspectos sócio-culturais e abundante em recursos estilísticos, transmite as ações em campo. Para realizar a comparação de locutores brasileiros e franceses, foram feitas gravações em áudio e em vídeo da locução dos jogos desses dois países durante todo o evento, em uma ação coordenada no Brasil e na França. Depois das fitas serem transcritas, selecionamos momentos específicos, como o “início da partida”, os “lances a gol”, os “gols” e o “encerramento do jogo” para neles basear a análise. A locução de futebol tem por base três subgêneros discursivos, a narração, o comentário e a conversação, e cada um deles é composto por seqüências e subseqüências que formam a arquitetura desse discurso. Ao considerarmos os momentos selecionados para a análise foram comparados, em cada um deles, a “construção geral do texto”, a “extensão e a conexão das seqüências”, os “aspectos prosódicos”, as “gírias e expressões metafóricas” e o “envolvimento com o ouvinte”. As conclusões indicam que o brasileiro prefere seqüências justapostas e coordenadas, enquanto o francês, além dessas, faz largo uso de seqüências com a conjunção subordinativa “qui”, para explicar a sucessão dos fatos. Para o brasileiro, o que importa é a narração do fato, para o francês, sua explicação. Prosodicamente, há muita semelhança entre ambos, já que a entoação é a forma mais simples e natural de demonstrar a emoção. O brasileiro é mais inventivo, usando muitas metáforas e envolvendo-se intensamente com o ouvinte, que participa de sua fala em quase todos os momentos. O francês, comparativamente, envolve-se, sobretudo, pela entoação emotiva. Esse tipo de envolvimento, leva-nos a compreender porque o francês se diz um “commentateur” de futebol e o brasileiro, um “narrador”. O “narrador” vivencia e o “commentateur” analisa.

Abstract

The purpose of this dissertation is to compare different aspects of soccer broadcasting in Brazil and in France during the World Soccer Cup in 1998, hosted in France. Soccer, the most popular sport of the planet, is intrinsically linked to Brazil’s culture, while in France, soccer is “just another sport” in which the country excels. The sport broadcaster is the soccer match’s voice, either on radio or on TV. Through his language, based on social cultural aspects and rich in style resources, the actions in the field are broadcast. In order to compare Brazilian and French announcers, audio and video broadcasts of the games were recorded in both countries during the whole event, in a coordinated effort in Brazil and in France. After the transcription of the tapes, specific moments for the analysis were selected, such as the “start of the game”, the “attempts to score”, the “goals” and the “end of the match”. Soccer broadcasting is composed of three speech patterns: the narration, the commentary and the conversation; each one has its own sequences and sub-sequences which form the architecture of this discourse. In the selected moments for the analysis, these sequences were compared regarding the “ general construction of the text”, the “extension and the sequencing of the connections”, the “prosodical aspects”, “slangs and metaphors” and “ involvement with the listener”. The conclusion indicates that the Brazilians prefer juxtaposed and coordinated sequences, while the French, besides those, also make ample use of sequences with the subordinate conjunction “qui” in order to explain the course of action. For the Brazilians what matters most is the narration of the fact, while for the French, it is its explanation. Prosodically, there are many similarities since the tone of voice is the simplest way to demonstrate emotion. The Brazilians are more creative, by the use of more metaphors and deeply getting involved with the listener, who “participates” in the broadcast almost all the time. Comparatively, the French are especially involved through the tone of voice. This type of involvement makes it clear for us to understand why the French call themselves a soccer “commentateur” and the Brazilians call themselves a “narrador”. The “narrador” lives the game, the “commentateur” analyses it.

Sumário

Uma breve apresentação pessoal, i

Introdução, 1

Primeira Parte: Futebol no Brasil e na França, as Copas do Mundo e a transmissão pelo rádio e pela televisão, 5

Capítulo 1: A origem do futebol e breve história desse jogo no Brasil e na França, 6

Capítulo 2: Copas do Mundo, 18

Capítulo 3: Os primórdios do rádio e da televisão na propagação do futebol, 26

Segunda Parte: Materiais e método, 31

Capítulo 4: Pressupostos e objetivos do trabalho, 32
Pressupostos, 33
Objetivos, 53

Capítulo 5: Metodologia da pesquisa e recursos aplicados, 54

Capítulo 6: Descrição do corpus: os jogos do Brasil e da França na XVI Copa do Mundo e os locutores de futebol analisados, 61

Terceira Parte:  Fundamentação teórica e análise dos dados, 74

Capítulo 7: Linguagem, representação, cenários discursivos e a língua falada, 75            Introdução, 76
1. Usos e funções da língua, 80
1.a Atos de fala, 84
1.b Enunciação e discurso, 89

  1. Representações sócio-culturais, 101
    2.a Representações no discurso, 101
    2.b Imaginário francês e brasileiro, 109
  1. Realização discursiva, 123
    3.a Cenário enunciativo, 123
    3.b Os gêneros do discurso, 130
  1. Aspectos da língua falada, 134
    4.a Língua falada em oposição à língua escrita e níveis de fala, 134
    4.b Características do português falado no Brasil e do francês falado na                              França, 142

Capítulo 8: A linguagem dos meios de comunicação e a arquitetura do gênero discursivo “locução de futebol”, 188

  1. A linguagem dos meios de comunicação, 190
  2. Aspectos da locução futebolística na mídia, 202
    2.a Subgêneros do discurso “locução de futebol” e as sequências discursivas dos eventos de uma  “narração interativa”, 209
    2.b Questões de estilo, 223

Capítulo 9: A voz pelos trilhos da emoção (e do raciocínio): aspectos da narrativa futebolística da narrativa futebolística no Brasil e na França, 228

Análise das sequências discursivas dos jogos do Brasil e da França segundo a construção geral do texto, a conexão entre sequências discursivas, os aspectos prosódicos, as gírias e expressões metafóricas e o envolvimento com o ouvinte em:
Início do jogo, 231
Lances a gol, 238
Gols, 265
Encerramento da partida, 288

Capítulo 10: Conclusão, 299

Referências bibliográficas, 306

Anexos, 318

Referência

WILLIAMS, Ana Clotilde Thomé. Locução de futebol no Brasil e na França, na XVI copa do mundo: Um cruzamento lingüístico ­cultural  de um evento discursivo. 2002. 321 f. Tese (Doutorado em Linguística) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2002.
Ludopédio

Acompanhe nossa tabela do Campeonato Brasileiro - Série A