Este artigo tem como proposta discutir as representações de envelhecimento nos esportes de alto rendimento através dos discursos construídos pelos meios de comunicação para avaliar o desempenho dos jogadores brasileiros na derrota da Copa do Mundo de 1986. Neste sentido, apontamos para a possibilidade de se observar a construção e o processo de envelhecimento de maneira singular: velhice que se inicia aos 30 anos. No caso analisado, o envelhecimento está associado à categoria “Barreira dos 30 anos”, que apesar de ser fluida e constantemente negociada por meio dos discursos dos atores envolvidos, ainda assim é entendida como uma categoria de acusação que imputa um estigma ao atleta mais velho. Nas narrativas e discussões, da imprensa esportiva, analisadas através dos jornais Folha de São Paulo e Estado de Minas e das revistas Placar e Veja entre janeiro de 1985 e agosto de 1986 o envelhecimento é representado de maneiras plurais em três momentos contíguos: aproximadamente um ano antes da Copa, nos jogos preparatórios para as eliminatórias e nos jogos das eliminatórias, durante a Copa, nos treinamentos e nos jogos e depois, na eleição de possíveis culpados pela derrota. Nesses três momentos são construídas representações que ora associam o processo de envelhecimento com a decadência física, a lentidão, o cansaço, o fracasso e ora o associam à experiência, à sabedoria e à astúcia.
Palavras-chave: envelhecimento, desempenho esportiva, representação, discursos.