O artigo tem por objetivo examinar as potencialidades da vergonha enquanto vínculo sócio-identitário, como proposto pelo historiador Carlo Ginzburg. Para tanto, analisaremos a trajetória esportiva da seleção brasileira em períodos de Copa do Mundo, com ênfase nos momentos em que este sentimento emergiu diante da massa torcedora, e no modo como foi reportado pela imprensa esportiva. Da edição sediada no Brasil, em 1950, quando o selecionado precisava apenas de um empate e perdeu para o Uruguai, aos sete gols sofridos contra a Alemanha, em 2014, outra vez em solo nacional. Se na perspectiva de Ginzburg a vergonha pode ser um elo, de fato, mais forte que o amor, torna-se fundamental investigar suas relações com um elemento tão caro à formação de nossa identidade quanto o futebol, avaliando de que forma este sentimento foi exposto em periódicos e obras que decorreram dos jogos. Intenciona-se examinar, sobretudo, como o insucesso esportivo do Brasil na Copa do Mundo de 1950 e as emoções decorrentes da derrota contribuíram para a formação de um sentimento de comunidade fundamentado na vergonha compartilhada.
Palavras-chave: Identidade; Seleção brasileira; Vergonha