O objetivo deste artigo é analisar o discurso jornalístico sobre a partida entre Brasil e Uruguai na Copa de 1970 na imprensa uruguaia. A narrativa em torno desta partida suscita reflexões sobre a relação entre imprensa, memória e “construção” de rivalidades. Brasil e Uruguai não se enfrentavam em uma Copa desde 1950, em confronto que ficou conhecido no Uruguai como “Maracanazo”, pois a equipe uruguaia sagrou-se campeã derrotando os brasileiros em uma partida que enseja na memória coletiva de ambos os países contornos épicos. O que seria uma simples disputa de futebol adquire dramaticidade no discurso jornalístico e serve de subsídio para que investiguemos o olhar do outro e o papel da imprensa na “construção” da memória e de elementos de identidades nacionais. A narrativa da imprensa sobre a partida Brasil 3 x 1 Uruguai é apenas mais um exemplo de como o futebol pode ser abordado e reconfigurado simbolicamente em um curto espaço de tempo e como ele está presente no senso comum e na memória coletiva das nações.