O propósito deste trabalho é analisar as relações que dirigentes, torcedo¬res e políticos de outros espaços sociais criam e/ou fortalecem durante as eleições em um clube de futebol. Os processos eleitorais são eventos ideais para se observar com nitidez a formação de relações de aliança e clientelismo entre os atores sociais nomeados. Este contexto, além disso, nos permite identificar algumas das práticas que caracterizam a “política tradicional”. Por exemplo, é possível observar como os torce¬dores politizados buscam adeptos, conseguem votos, arregimentam votos para um candidato, enquanto que os aspirantes aos postos diretivos da instituição realizam ou prometem obras de interesse público, buscam o apoio de indivíduos influentes etc. Precisamente, entre os indivíduos influentes que fornecem apoio aos dirigentes e/ou candidatos estão os políticos que provêm de outros espaços sociais (da política local e dos sindicatos de trabalhadores). A posição estratégica desses indivíduos que participam simultaneamente de esferas de atuação distintas (futebol e sindicato; futebol e política local) agiliza a articulação entre campos distintos e a circulação de ajudas em benefício do clube. A participação destes atores não se produz unicamente pelo interesse de se aproximar de um esporte popular que renda politicamente, senão também pelo afeto e paixão que sentem pelo clube.