O futebol, entre inúmeras práticas lúdicas historicamente esportivizadas, manteve-se hegemônico a partir de múltiplas projeções e experiências valorativas, políticas, estéticas e sensoriais, tornando-se paulatinamente uma espécie de “índice canônico” para se pensar, de modo geral, formas de sociabilidade na contemporaneidade. Em seus desdobramentos simbólicos, ele não apenas se expandiu territorialmente, como tem oferecido um conjunto de metáforas aos “modos de existência” de indivíduos e grupos. Partindo desta ideia de senso comum sobre dada “hegemonia” do futebol, mas partilhada academicamente, propomos perceber que tais “modos” se materializam e se disseminam em “múltiplos futebóis” que alcançaram expressões politizadas e que podem ser explorados “de dentro” deste fenômeno global. Para tanto, trazemos um caso ocorrido durante a Copa do Mundo da Rússia-2018 e refletimos sobre a sexualização de corpos no contexto futebolístico midiatizado, pensando o futebol pela relativização de seus modos simbólicos de impor suas regras e sociabilidade esportivas, tomadas tacitamente como universais.
PALAVRAS-CHAVE: Antropologia das práticas esportivas, Futebol; Hegemonia; Copa da Rússia; Sexualização de corpos.