A pesquisa dialogou mais fortemente com três grupos distintos de torcedores do Botafogo da Paraíba com o objetivo de realizar um estudo comparativo sobre eles. O objetivo era mostrar que aquilo que a mídia, certas instituições governamentais, forças policiais, entre outros, chamam genericamente de “torcida de futebol de um mesmo clube” não é nunca uma unidade, não é nunca algo homogêneo, livre de tensões ou rivalidades internas. Mas, ao contrário, as diferentes identidades torcedoras que cercam um mesmo clube vão criar seus próprios territórios, seus próprios lugares antropológicos, suas próprias relações de alianças e de rivalidades, que estarão a todo momento sendo mediadas, reforçadas e modificadas, a depender do contexto. As torcidas do Botafogo-PB, pois, pensadas sempre no plural, foram analisadas a partir de suas diferenças, de suas fronteiras, de suas alteridades, apresentando assim uma realidade extremamente heterogênea, bem diferente daquela comumente alardeada. Registrese, por fim, que a dissertação foi escrita após quase dois anos de pesquisa etnográfica, com o campo de pesquisa sendo alargado à medida que o trabalho se desenvolvia. Começou no próprio Estádio Almeidão e em seu entorno, acompanhando os torcedores, conversando com eles em meio ao ritual de jogos dentro de casa; depois ganhou João Pessoa, observando as circulações desses torcedores pela cidade-sede do clube analisado; e num terceiro momento foi pensado o torcedor para além de sua própria cidade, quando realizaram-se viagens com esses distintos grupos para acompanhar jogos fora de João Pessoa e até mesmo da Paraíba.
Palavras-chave: Botafogo-PB; Futebol; Torcidas; Antropologia Urbana; Identidades