Essa pesquisa trata das batucadas de beira de campo, forma de expressão do samba paulistano enredada, historicamente, às sociabilidades que envolvem o futebol de várzea. Registrado como patrimônio imaterial pela Resolução nº 29/13 (CONPRESP), o samba de São Paulo (SP) possui múltiplas matrizes e passou por contínuas transformações, suscitando a problematização dos conteúdos da referida Resolução numa chave espacial, com enfoque nas batucadas, nas apropriações do espaço e na conformação dos lugares do futebol popular. Deste modo, o objetivo da pesquisa consistiu em analisar a ascensão, rarefação e espraiamento dos campos varzeanos, bem como compreender o atrelamento histórico entre futebol e samba na capital paulista, das “várzeas iniciais” às periferias da metrópole. Junto a esse objetivo principal, a pesquisa intencionou elucidar a diversidade do samba brasileiro, interpretar as práticas e significados que se elaboram nos campos de várzea contemporâneos, com destaque ao fazer musical das batucadas, e analisar as normativas de proteção do samba como patrimônio. O conjunto de saberes, fazeres e memórias vinculadas às batucadas de beira de campo, bem como os elementos do jogo, as sonoridades e os modos de torcer na várzea, levaram à tese de que os lugares do futebol popular são referências culturais para milhares de pessoas em São Paulo (SP). São matrizes de significados para crianças, jovens e pessoas idosas, predominantemente periféricas. Campos legados pela obra coletiva e possibilidades do uso social do espaço, onde as referências culturais se realizam, sendo as batucadas de beira de campo uma expressão deste encontro.
Palavras – chave: lugar, futebol de várzea, samba, batucada, patrimônio.