Poder para a torcida – Por um Cruzeiro democrático e popular
Embora haja um discurso tentando negar a ligação entre ambos, futebol e política caminham, sim, lado a lado. Para afirmar essa relação e debater os rumos do esporte mais popular do planeta diante da crescente elitização dos estádios e os mecanismos para democratizar os clubes, a Resistência Azul Popular (RAP) realizará, no próximo sábado (19), às 14h, no Centro de Referência da Juventude (CRJ), em Belo Horizonte, o seminário “Poder para a torcida – Por um Cruzeiro democrático e popular”, que contará com a participação de Ivandro Latino, integrante do “O Povo do Clube”, movimento social e político da torcida do Internacional.
Ingressos mais baratos, setores populares nos estádios e participação do sócio nas decisões dos clubes estão entre as pautas do evento, que, segundo Latino, é fundamental para avançar na construção de um espaço democrático no futebol. “Encontros como esse, de troca de ideias e experiências sobre a construção do futebol popular, são imprescindíveis. Temos uma luta que é o combate à elitização e a criminalização das torcidas organizadas e torcedores em geral. Isso tudo passa pela democratização dos clubes”, afirma.
De acordo com Latino, é importante que se tenha uma agenda unificada em todo o país porque criou-se um consenso entre os dirigentes dos clubes de que o futebol precisa ser elitizado e o torcedor tratado como cliente. “A luta dos colorados é a mesma dos cruzeirenses, que é a mesma dos corintianos e dos flamenguistas, embora cada torcida encontre sua maneira de tocar a luta dentro de seu clube. O Povo do Clube tem conseguido reverter o processo de elitização do Internacional. Conseguimos aprovar a modalidade de sócio popular através de um movimento social e político que mobiliza a torcida a defender as raízes populares do Inter”, completa o torcedor.
Integrante da Resistência Azul Popular, Zion Bolt diz que a ideia do seminário surgiu do debate sobre o processo de elitização do futebol: “Uma das formas de combater essa elitização é conseguirmos popularizar o Cruzeiro e conseguir reverter o atual cenário do Conselho Deliberativo do Clube, que é fechado, arbitrário, elitista, não dialoga com a torcida, e fazer com que a própria torcida consiga participar das deliberações e decisões do clube, para que se retome com a festa popular que existia nas arquibancadas”.
Ivandro Latino é taxativo quanto à necessidade do torcedor se colocar como protagonista nas decisões dos clubes. “Estou muito entusiasmado com esse debate, fiz questão de participar porque é sempre muito bom conversar sobre futebol popular. O verdadeiro dono do espetáculo, a torcida, tem que construir esse protagonismo através de uma participação política dentro dos clubes. O torcedor que faz a festa na arquibancada precisa disputar os rumos do clube”, finaliza.
A Resistência Azul Popular (RAP)
A Resistência Azul Popular surge, em agosto de 2015, da fundição da luta anticapitalista com a paixão pelo Cruzeiro. Acreditamos que o futebol pode também ser revolucionário, é nítido o recorte de classes no meio futebolístico e podemos fazer essa luta com os torcedores.
A Resistência Azul Popular combate de todas as formas o racismo, o machismo e a homofobia. Em hipótese alguma permitiremos discurso de ódio contra a comunidade LGBTT. Nossa bandeira abriga todxs xs lutadorxs exploradxs e oprimidxs que encontram no Cruzeiro um alento, não apenas para torcer, mas, sobretudo, para lutar por nossa causa.
A Resistência Azul Popular é contra o futebol moderno. Queremos os estádios com a festa popular de antigamente. O futebol moderno contribui com a elitização dos estádios e o afastamento dos torcedores com renda mais baixa, que sempre foram maioria nos estádios.
