Essa pesquisa teve como objetivo central analisar a presença do futebol na comunidade do Morro do Papagaio, em Belo Horizonte, bem como assimilar de quais formas essa prática se manifesta como uma alternativa de atividade de lazer e sociabilidade para moradores do aglomerado e frequentadores do Parque Jornalista Eduardo Couri. Como objetivos auxiliares o estudo buscou compreender o futebol comunitário como elemento catalisador de outras atividades e vivências de lazer no parque, entender a organização de jogos e torneios e sua relação com a comunidade, analisar o funcionamento dos clubes de futebol amador presentes no aglomerado e identificar os usos que são feitos no parque de modo geral. Para tanto, o trabalho lançou mão de métodos afeitos às pesquisas etnográficas, como a observação participante e os subsequentes registros no caderno de campo (MAGNANI, 1997), entrevistas, registros de imagens e de diálogos com os moradores da comunidade. Os dados obtidos foram organizados previamente para posterior análise. A interpretação das informações se deu à luz da proposta de descrição densa (GEERTZ, 1989). Para isso, as pistas para essa interpretação, dadas pelos “nativos” foram seguidas e utilizadas para a análise. No momento da análise dos dados foram elencadas categorias de organização e interpretação do material, sendo: a relação comunidade/futebol, sociabilidade e lazer no parque, pertencimento comunitário/clubístico e usos e apropriações que são feitos no Parque Jornalista Eduardo Couri. Os principais resultados que a pesquisa atingiu, revelam como a comunidade do Morro do Papagaio se organiza e de certa forma garante que o lazer seja vivenciado pelas pessoas do local. Para isso, o futebol comunitário se mostrou um importante aliado. A existência e a organização de equipes de futebol na comunidade, os torneios e festivais que acontecem no parque são largamente utilizados pela população como uma forma de acessar momentos de lazer e fruição. A relação entre a comunidade e o futebol comunitário se mostrou bastante intensa, no caso da equipe do Prointer fica ainda mais perceptível essa questão, e fez com que o clube fosse entendido como uma expressão de pertencimento à comunidade, um pertencimento comunitário. Além disso, a investigação permitiu, a partir da realidade encontrada no Prointer, fazer uma reflexão mais ampla acerca do futebol de mulheres no Brasil. Em relação aos usos do parque que são feitos, para além dos campos de futebol, a pesquisa mostrou que existe uma espécie de barreira social entre os diferentes grupos que usam o equipamento público. Essa diferenciação na apropriação, se refere tanto aos locais que eles acessam, quanto às atividades escolhidas por esses grupos, para o lazer dentro do parque. Acerca do papel do poder público no fomento do lazer para a população, entendo que há uma falta de sensibilidade e competência por parte deste ente administrativo, em compreender as demandas da comunidade e assim propôr políticas públicas que contemplem essas expectativas.
Palavras-chave: Futebol. Futebol comunitário. Lazer. Equipamento urbano.