Este artigo procura efectuar uma abordagem introdutória às políticas do estado colonial em Moçambique no que concerne às actividades desportivas, centrando-se no período do Estado Novo. O regime colonial procurou instrumentalizar a educação-física no quadro de uma política educativa mais ampla, estruturada na metrópole durante a década de 1930. Em Moçambique, o braço institucional desta política, a Mocidade Portuguesa de Moçambique, reificava o regime de segregação imposto pelo sistema de indigenato. As políticas desportivas oficiais concorriam num espaço de práticas desportivas vasto, cuja dinâmica, de natureza associativa, e dominada pelo futebol, respondia também a um princípio de divisão racial. Neste artigo, procurar-se-á avaliar os efeitos das políticas desportivas coloniais e a sua transformação, decorrente da própria evolução das formas de poder colonial bem como do desenvolvimento relativamente autónomo de um campo de práticas desportivas local.