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Tese

Boleiras do Aterro

Uma etnografia sobre futebol, gênero, sociabilidade e aprendizagem em um parque público do Rio de Janeiro
Ano

2024

Faculdade/Universidade

Departamento de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Orientador(a)

Mylene Mizrahi

Tema

Tese

Área de concentração

Doutorado em Ciências Humanas

Páginas

178

Arquivos

Resumo

Essa tese trata-se de uma etnografia realizada juntamente com um grupo de mulheres, as Boleiras do Aterro, que jogam futsal semanalmente em uma quadra pública localizada no Aterro do Flamengo. Em um diálogo entre Educação e Antropologia são levantadas questões sobre gênero, agência e sociabilidade. Para obtenção dos dados foi realizada a observação participante. O Aterro do Flamengo é considerado palco das peladas no Rio de Janeiro e é fator fundamental na dinâmica das Boleiras. A partir das observações foi possível descrever como se dão as interações das mulheres com esse espaço, entre elas mesmas e com os homens que participam dos jogos. Apesar de ser um agrupamento bem-organizado ele não é fixo. Semanalmente, acontecem associações e dissociações e o único fator recorrente é o acontecimento dos jogos, independentemente de quais sujeitos estejam presentes. A relação com os homens, os usos do espaço público, os churrascos, o grupo do WhatsApp e heterogeneidade desse grupo faz com que esse seja único. Utilizo da Teoria Ator-Rede (ANT) de Bruno Latour et al. (2012) para descrever como a realidade das Boleiras se descortina e como ocorrem as agências, buscando entendê-la como um efeito, uma consequência e não algo dado, pronto e estável. Utilizo, ainda, as contribuições de Lave e Wenger (1991) e Ingold (2020) para compreender como se dá o aprendizado desse esporte pelas jogadoras, onde a aprendizagem é considerada um aspecto inerente de toda prática social e educação se trata de uma prática de atenção, e não de transmissão. No Aterro do Flamengo essas mulheres constituem um modo próprio de aprendizagem desse esporte. Em uma relação em que o futebol é o elo e o parque o espaço que possibilita que a prática ocorra, elas incorporam o jogo e todas as relações implicadas em sua prática.

Palavras-chave Futebol feminino; agência; comunidade de prática; redes.

Abstract

This thesis is an ethnography carried out together with a group of women, the Boleiras do Aterro, who play futsal weekly on a public court located in Aterro do Flamengo. In a dialogue between Education and Anthropology, questions about gender, agency and sociability are raised. A participant observation was carried out to obtain the data. Aterro do Flamengo is considered the stage for amateur soccer matches in Rio de Janeiro and is a fundamental factor in the dynamics of the Boleiras. Based on the observations, it was possible to describe how women interact with this space, between themselves and with the men who participate in the games. Despite being a well-organized group, it is not fixed. Associations and dissociations occur on a weekly basis and the only recurring factor is the games, regardless of who are present. The relationship with men, the uses of public space, the barbecues, the WhatsApp group, and the heterogeneity of this group make it unique. Bruno Latour’s Actor-Network Theory (ANT) (2012) was used to describe how the reality of Boleiras unfolds and how agencies occur, seeking to understand it as an effect, a consequence and not something given, ready and stable. I also use the contributions of Lave and Wenger (1991) and Ingold (2020) to understand how players learn this sport, where learning is considered an inherent aspect of all social practice and education is a practice of attention, and not transmission. At Aterro do Flamengo, these women constitute a unique way of learning this sport. In a relationship in which soccer is the link and the park is the space that allows the practice to occur, they incorporate the game and all the relationships involved in its practice.

Keywords Women´s soccer; agency; practice community; networks

Sumário

1. Introdução, 15

2. Entrada em campo, 19
2.1. Aspectos metodológicos, 19
2.2. O Aterro do Flamengo: espaço público, lazer e gênero, 38
2.3. Conhecendo o campo, 49
2.4. Primeiro contato, 53
2.5. A virada de chave, 55
2.6. As Boleiras do Aterro, 59

3. Gênero, Futebol Feminino e Agência, 62
3.1. Gênero, 62
3.2. O futebol feminino no Brasil, 78
3.3. Conceito de Agência, Gênero e Futebol, 86

4. BOLEIRAS DO ATERRO: uma rede, 92
4.1. O Grupo do WhatsApp, 97
4.2. Futebol (não só) de mulheres, 100
4.3. Lazer e sociabilidade, 108
4.4. Futebol para todas!, 114

5. Futebol, Jogo e Aprendizagem, 123
5.1. O Aterro como espaço de aprendizagem, 134
5.2. A aprendizagem na cena do jogo, 141
5.2.1. Dinâmica dos jogos, 141
5.2.2. Aprendizagem corporal na prática, 143
5.2.3. Repetição e imitação como forma de aprendizagem, 145
5.2.4. Comunicação dentro e fora de quadra, 147
5.2.5. (Des)cumprimento das regras e conflitos, 151
5.2.6. Observação como processo de aprendizagem, 153
5.2.7. Aprendendo sobre a vida, 155

6. Conclusão, 160

7. Referências Bibliográficas, 166
Apêndice 1 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – Pessoas identificadas, 172
Anexo 1 – Regras das Boleiras do Aterro, 176

Referência

MACEDO, Liliane de Fátima Dias. Boleiras do Aterro: Uma etnografia sobre futebol, gênero, sociabilidade e aprendizagem em um parque público do Rio de Janeiro. 2024. 178 f. Tese (Doutorado em Ciências Humanas) - Departamento de Educação, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2024.
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