Este texto busca compreender como a partilha de acervos pessoais de imagens potencializam a produção de constelações de memórias, promovem narrativas de si e sentimentos de pertença. Partindo da comunidade Poço da Draga em Fortaleza, caso exemplar de resistência a tentativas recorrentes de remoção, o artigo mapeia algumas de suas “práticas de imagens” efetuadas por meio de dispositivos móveis, destacadamente entre ex-jogadores do Brasileirinho, time local de “futebol de subúrbio”. Partindo uma antropologia compartilhada, desenvolvemos ao longo de 04 anos oficinas de fotografia e exercícios de escuta junto a seus narradores que chamamos “memorialistas de esquina”. Tomamos por “comunidade visível” essa multiplicidade que no Poço da Draga faz ver e se dá a ver. Identificamos ali a partilha de fotos e narrativas como tática contra os riscos de esgarçamento dos fios que tecem suas histórias. O artigo também mostra as práticas de imagem desses narradores em oposição à necropolítica operada contra as populações negras no Brasil e os considerados indesejáveis.
Palavras-chave: Antropologia, Imagem, Memória, Negritude, Futebol de Subúrbio.