Ao longo das últimas décadas, o modo como se interage com pipa mudou de forma considerável. Se antes assegurávamos sua existência atrelada a uma forma lúdica e infantil (brincadeira), hoje vemos seus praticantes tratando-a como competição (esporte) dotada de seriedade única. Se no primeiro modelo vemos a prática apenas com regras subentendidas e coletivamente aceitas, livre de pressões ou ordenamentos fixos, no segundo, ela passa a ter um estatuto, um caráter sério e compromissado. Essa “evolução” não acontece sem antes vermos a prática da pipa atrelada também à categoria do lazer. Entre esses três tipos ideais da prática da pipa, encontramos o jogar como elemento comum. Deste modo, à luz das teorias de Roger Caillois, este trabalho intenta analisar as demarcações de fronteiras estabelecidas pelos campos da pipa no Rio de Janeiro e sua evolução enquanto jogo, propondo que, não apenas solta-se pipa, mas sim, joga-se pipa: na infância, enquanto brincadeira; em festivais, como forma de lazer; e nos campeonatos, enquanto esporte. Para tal análise, além da bibliografia supracitada, foi realizada etnografia “de perto e de dentro”, com visitas a inúmeros festivais e campeonatos nos subúrbios do Rio de Janeiro, colhendo-se relatos de interlocutores a partir de questionário previamente formulado.
Palavras-Chave: Pipa. Esporte. Jogos. Emoções