Desencanto na Espanha

A ficção de futebol é um exercício difícil, especialmente porque a realidade do esporte parece mais interessante do que qualquer história inventada. Um baú gigantesco de histórias fantásticas de futebol pode ser encontrado nas Copas do Mundo, competição máxima do esporte. A seleção brasileira mais favorita de todos os tempos. A surpresa chamada Paolo Rossi. Os gols de Honduras. O Sheik do Kuwait que anulou um gol. O árbitro brasileiro que apitou a final da Copa e levou a bola. Erros e acertos de diversos goleiros. A briga entre futebol-arte e futebol total. Essas histórias se transformam em estórias narradas em 52 microcontos em Desencanto na Espanha. Esses microcontos são um misto de conto e crônica. Assim, as fronteiras entre fato e ficção não são postos por uma condição de Realismo Fantástico, mas sim por uma escolha de que “quem conta um conto, aumenta um ponto”. As histórias aqui, então, são também estórias sobre a Copa do Mundo de Futebol de 1982, realizada entre 13 de junho e 11 de julho daquele ano em quatorze cidades espanholas. São elas: Madri, Barcelona, Sevilha, Bilbao, Valladolid, Málaga, Valencia, Zaragoza, Elche, Oviedo, Gijón, Alicante, Vigo e La Coruña.Para fins formais, os microcontos possuem exatas 100 palavras. Esse gênero textual, em língua inglesa, é conhecido como drabble. Isso reforça o exercício criativo posto para (re)contar os 52 jogos que formaram a competição que tornou a Itália tricampeã mundial. Este é o décimo-segundo livro de vinte planejados, todos seguindo o mesmo preceito. Seja dentro deste volume, seja no contexto completo das obras, há de se ter um caleidoscópio daquilo que o futebol tem de melhor: suas pequenas histórias.