Há uma epopeia previsível que se deflagra todas as semanas em meio à aparente tranquilidade das cidades europeias – inglesas em particular. É uma aventura de sangue e estilhaços de vidro. De pânico, ultraje, brutalidade. De estupidez e covardia. O protagonista dessa epopeia é ninguém e todos, ao mesmo tempo. Trata-se da multidão, entidade que se forma com aparente espontaneidade e se lança contra indivíduos e cidades com fúria arrasadora. É preciso ser parte física da multidão para sentir a sua selvagem embriaguez. Para isso, nada melhor que se tornar um holligan honorário, como fez o jornalista Bill Buford durante quatro anos. O ritual da violência de massa começa horas antes de se entrar no estádio de futebol. E pode terminar a qualquer hora do dia ou da noite num hospital ou mesmo num cemitério.