A presente tese toma como objeto de investigação o “ser” (social) do futebol-espetáculo e sua correspondente economia política no contexto tardio do capitalismo. Tão logo, seu objetivo (geral) é o de apreender (e explicar) o “ser social” do futebol-espetáculo – como fenômeno sócio-histórico e processo cultural – da(na) sociedade tardo-burguesa, assim como a configuração e o comportamento de sua correspondente economia política. Para tanto, busca (como objetivos específicos) refletir e construir um painel geral daquilo que, na atualidade, constitui o futebol-espetáculo; identificar e analisar os processos que avalizaram a entrada e a ingerência de interesse mercantis e capitalistas na modalidade; e, por fim, tornar inteligível a economia política do objeto sociocultural em destaque. Nesses termos, seu desenrolar comprometeu revisão de literatura (sistemática e exploratória), pesquisa documental e análise/discussão teórica. Os resultados, num primeiro momento, apontam para a industrialização do futebol a partir dos anos 1980: um movimento complexo e abrangente que envolve, dentre outras coisas, a transformação (ou pelo menos a readequação) do futebol segundo a lógica da mercadoria e do capital, isto é, um processo que ocorre mediante a ascensão do empresariamento; da espetacularização; da mundialização dos mercados; da concentração e centralização de recursos e capitais; da desterritorialização de sua força de trabalho; do estabelecimento de um complexo socioeconômico (mundial) de caráter desigual e combinado; e, também, de uma relação (orgânica) com setores produtivos e improdutivos que o coloca como plataforma de comunicação; bem como, a incorporação da ciência e tecnologia em sua cadeia produtiva; e a implementação de dinâmicas expropriatórias com vistas à exasperação da propalada industrialização. Num segundo instante, este trabalho localiza a raiz histórica do aludido processo já nos anos setenta, aquando clubes, ainda sem finalidade lucrativas, deram vazão a um programa de atividades mercantis simples, que, mais tarde, afiançaria a industrialização em voga. Num terceiro e último momento, reconhece e problematiza a emergência de um “complexo cultural de futebol e mídia” cujas relações de produção, circulação e consumo estão submetidas/atravessadas/atarantadas por um conflito matizado, aberto e em curso, entre as forças do capital e os fundamentos de um bem cultural com fortes e arraigados laços sociais/comunitários; ademais, em função desse conflito, sustenta que a economia política da modalidade – aparentemente capitalizada – funciona/opera de modo especulativo e parasitário a partir de dívidas e receitas externas (preexistentes). Por fim, além de assinalar uma agenda de pesquisa – abrangente e complexa, defende o futebol e suas expressões culturais como um antivalor/uma antimercadoria e(ou) um satisfador universal de necessidade e, como tal, imprescindível à elevação da cidadania cultural do conjunto da humanidade.
Palavras-chave: Futebol-espetáculo. Economia Política. Capitalismo Tardio