O artigo objetiva reconstituir a trajetória de Ronaldo Helal, um dos pioneiros da introdução dos esportes no campo acadêmico da Comunicação e das Ciências Sociais. A reconstituição do seu percurso formativo e da sua produção bibliográfica tenciona demonstrar os marcos do amadurecimento de um método, voltado à identificação das narrativas midiáticas da nação, por intermédio de esportes coletivos como o futebol profissional. Ao longo de três decênios, o autor vem desenvolvendo uma metodologia de análise dos discursos jornalísticos sobre a performance da Seleção brasileira nos torneios quadrienais da FIFA, mais conhecidos como Copas do Mundo. Argumentamos para tanto que um diferencial de sua perspectiva sobre a construção do nacionalismo esportivo tem sido um deslocamento progressivo do olhar, ao eleger fontes estrangeiras – periódicos do Uruguai, da Argentina e da França – para compreender as relações de identidade enunciadas pela mídia impressa acerca do Brasil e da suposta natureza do jogador brasileiro. Tal descentramento permite desvelar a construção de estereótipos identitários, ao mesmo tempo em que possibilita relativizar o paradigma da “essência” da nação em eventos competitivos internacionais. Propõe-se, por fim, que a capacidade de construir uma obra autoral relaciona-se também ao conceito de “viagem como vocação”, mobilizado pela antropóloga Fernanda Peixoto para abordar uma tradição de intelectuais que interpretaram o Brasil, graças a um movimento simbólico-espacial de aproximação e distanciamento, com o reconhecimento especular das alteridades e das diferenças nacionais.
Palavras chaves: Futebol, Meios de comunicação, Identidade nacional, Copas do Mundo, Viagem como vocação