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Tese

Fazer alianças

Uma escolha determinante entre o protagonismo e a invisibilidade dos grupos organizados de torcedores de futebol no Brasil
Ano

2016

Faculdade/Universidade

Universidade Federal de Pernambuco

Co-rientador

Carmen Silvia Rial

Tema

Tese

Área de concentração

Doutorado em Antropologia

Páginas

303

Arquivos

Resumo

Estudos promovidos através do futebol têm se tornado expressivos e relevantes no conjunto das produções antropológicas recentes. Vários trabalhos utilizaram oportunamente os torcedores de futebol como laboratório importante para a compreensão de fenômenos e objetos caros ao fazer antropológico, como as emoções, sociabilidade e cultura juvenil, violência urbana, pertencimento; entre outras. Concomitantemente ao crescimento da violência dos grandes centros urbanos do país, provocado por vários fatores estruturantes – dentre os quais o tráfico de drogas, aumento do desemprego, urbanização desordenada de várias capitais, corrupção e escândalos na política nacional -, foram registrados vários incidentes nos estádios de futebol, muitos envolvendo integrantes de grupos organizados de torcedores, que no contexto da espetacularização do futebol renderam grande repercussão midiática. Na busca pela identificação dos culpados estabeleceu-se uma relação quase que obrigatória entre os estudos produzidos sobre o futebol brasileiro e a questão da violência. Esta etnografia propõe a interpretação do fenômeno das alianças entre grupos organizados de torcedores de cidades diferentes como resposta e estratégia de superação da condição de exclusão social dos grupos de torcedores, gestada no processo de elitização do futebol do Brasil, sobretudo, a partir da segunda metade da década de 1990. O objetivo consiste, portanto, em compreender a construção do vínculo social entre grupos de cidades diferentes, interpretada como a escolha determinante entre a recuperação do protagonismo ou a permanência na invisibilidade, no contexto do futebol de espetáculo.

Palavras chave: Futebol. Grupos organizados. Aliança. Protagonismo. Invisibilidade.

Abstract

Studies promoted through football have become significant and relevant in all the recent anthropological productions. Several studies used opportunely football fans as an important laboratory for understanding phenomena and expensive objects while doing anthropological, as emotions, sociability and youth culture, urban violence, belonging; among others. Concurrent with the growth of violence in large urban centers of the country, caused by various structural factors – among them drug trafficking, rising unemployment, unplanned urbanization in many capitals, corruption and scandals in national politics – were recorded several incidents in stadiums football, many involving members of organized groups of fans, which in the context of the football spectacle yielded great impact media. In the search for identification of the culprits established a relationship almost obligatory among the studies produced on the Brazilian football and the issue of violence. This ethnography proposes interpreting the phenomenon of alliances between organized groups from different cities of supporters in response and strategy to overcome social exclusion condition of fan groups, gestated in the gentrification process of Brazil’s football, especially from the second half 1990s the aim is therefore to understand the construction of social bonding between different groups of cities, interpreted as the decisive choice between the recovery of the role or remain in stealth, in the spectacle of football context.

Key word: Football. Organized groups. Alliance. Role. Invisibility

Sumário

INTRODUÇAO, 14

1 DE COADJUVANTES A PROTAGONISTAS: AS PRIMEIRAS ASSISTÊNCIAS E A IMPORTÂNCIA DOS TORCEDORES NA POPULARIZAÇAO E PROFISSIONALIZAÇÃO DO FUTEBOL BRASILEIRO, 32
1.1 A CHEGADA DO FUTEBOL E OS PRIMEIROS TORCEDORES (1895-
1939), 33
1.1.1 O país que o futebol conquistou, 33
1.1.2 A prática dos esportes no projeto modernista, 41
1.1.3 As narrativas hegemônicas sobre a origem do futebol brasileiro, 43
1.2 AMADORISMO, POPULARIZAÇAO E PROFISSIONALIZAÇÃO, 52
1.2.1 As primeiras ligas e a divisão social nos estádios, 52
1.2.2 O protagonismo dos torcedores na profissionalização do futebol brasileiro, 64

2 O FUTEBOL EM PERNAMBUCO E SEUS TORCEDORES, 70
2.1 ORIGEM TÍMIDA, CRESCIMENTO RÁPIDO, 72
2.1.1 O mito de origem e a popularização do futebol na cidade do Recife, 72
2.1.2 Primeiras ligas, estádios, e a massificação do futebol, 75
2.2 A PROFISSIONALIZAÇAO E OS TORCEDORES EM PERNAMBUCO, 78
2.2.1 A luta pela profissionalização e visibilidade, 78
2.2.2 O futebol pernambucano no cenário nacional, 81
2.2.3 A importância das torcidas para os clubes do estado, 85

3 AS GERAÇÕES DOS GRUPOS ORGANIZADOS DE TORCEDORES NO BRASIL: O CAMINHO ATÉ AS ALIANÇAS, 93
3.1 AS GERAÇÕES COMO RECURSO DE ANÁLISE, 98
3.1.1 Por nova categoria analítica, 98
3.1.2 Os critérios da divisão em gerações, 101
3.2 PRÓXIMAS PELO TEMPO, DISTANTES PELAS REPERCUSSÕES, 104
3.2.1 A primeira geração, e o surgimento das torcidas carnavalizadas e uniformizadas (1939-1969), 104
3.2.1.1 A Carnavalização das arquibancadas, 105
3.2.1.2 A chegada dos “gaviões” e da “organização” nas torcidas, 107
3.2.2 Segunda geração, torcidas organizadas e independentes (1969-1990), 110
3.2.2.1 Aspectos culturais e características gerais, 113
3.2.2.2 Identificação e espaço simbólico, 118
3.2.2.3 Organização social, 122
3.2.3 Terceira geração: Futebol de espetáculo e torcidas espetacularizadas (1990-2000), 126
3.2.3.1 Espetacularização e recursos de visibilidade, 128
3.2.3.2 Aspectos culturais e características gerais, 133
3.2.3.3 Organização social, 137
3.3 BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE UM FENÔMENO QUE ALCANÇOU DIMENSÕES NACIONAIS, 140

4 ESTIGMATIZAÇÃO DOS GRUPOS E A ESPETACULARIZAÇÃO DA VIOLÊNICA NO CAMINHO DAS GRANDES ALIANÇAS NACIONAIS, 145
4.1 A VIOLÊNCIA NO CONTEXTO DO FUTEBOL DE ESPETÁCULO, 147
4.2 ESTIGMATIZAÇÃO, UM RECURSO COMUM NA BUSCA POR CULPADOS, 159
4.2.1 Bondes que carregam estigmas, 159
4.2.2 As mensagens através de uma sociabilidade voltada para o conflito, 164
4.3 IMPUNIDADE, OMISSÃO, E ACUSAÇÕES: COMBUSTÍVEIS PARA AS ALIANÇAS NACIONAIS, 169
4.3.1 Insegurança no futebol brasileiro, um roteiro antigo, 169
4.3.2 O Estatuto do Torcedor, entre omissões e impunidades, 172

5 AS ALIANÇAS NACIONAIS E A CONSTRUÇÃO DA QUARTA GERAÇÃO DOS GRUPOS ORGANIZADOS DE TORCEDORES, 183
5.1 ALIANÇAS E “AMIZADES”, A FORMAÇÃO DOS PRIMEIROS VÍNCULOS, 188
5.1.1 As primeiras aproximações e a extensão das “amizades”, 188
5.1.2 Os diversos interesses entre as alianças e o “futebol de espetáculo”, 197
5.1.3 O caráter utilitarista da relação entre clubes e grupos organizados, 204
5.2 AS GRANDES ALIANÇAS NACIONAIS E A FORMAÇÃO DA QUARTA GERAÇÃO, 211
5.2.1 A expansão e reconfiguração dos grupos organizados a partir das alianças, 211
5.2.2 O “estilo” dos aliados: mudanças na organização dos grupos e na forma de torcer nos estádios brasileiros, 217
5.3 AMIGOS, AMIGOS, ALIANÇAS À PARTE. A “RECONFIGURAÇÃO DAS RIVALIDADES” A PARTIR DAS ALIANÇAS, 221

6 ALIANÇAS: ESTRATÉGIA DETERMINANTE DE RESISTÊNCIA E SUPERAÇÃO DA INVISIBILIDADE NO FUTEBOL BRASILEIRO, 231
6.1 A INVISIBILIDADE, E SUAS REPERCUSSÕES ENTRE CLUBES E GRUPOS ORGANIZADOS, 234
6.1.1 Exclusão e invisibilidade social reproduzidas no futebol brasileiro, 234
6.1.2 Crescimento dos grupos organizados da quarta geração: efeitos da invisibilidade midiática sobre os clubes, resposta dos torcedores, 240
6.2 OS GRUPOS ORGANIZADOS E SUAS ESTRATÉGIAS DE SUPERAÇÃO DA INVISIBILIDADE, 249
6.2.1 Novas modalidades torcedoras: As “barras” e os “ultras” brasileiros, 249
6.2.2 Militância e negociações políticas, 255
6.2.3 A CONATORG e a política nacional de fortalecimento dos grupos organizados, 260
6.3 DÁDIVA E RECIPROCIDADE: A AMÁLGAMA DAS ALIANÇAS COMO A ESCOLHA DETERMINANTE, 267
6.3.1 A formação do vínculo e a sociabilidade nas alianças entre grupos organizados de torcedores: O valor das coisas, pelo valor da relação!, 267
6.3.2 Fazer alianças: escolha determinante na superação da invisibilidade e recuperação do protagonismo, 273

CONSIDERAÇÕES FINAIS, 282
REFERÊNCIAS, 291

Referência

SOUZA, Eduardo Araripe Pacheco de. Fazer alianças: Uma escolha determinante entre o protagonismo e a invisibilidade dos grupos organizados de torcedores de futebol no Brasil. 2016. 303 f. Tese (Doutorado em Antropologia) - Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2016.
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