O presente artigo investiga a promoção de uma série de jogos entre duas equipes femininas, Vespasiano e Oficina. As partidas se realizaram na pequena cidade de Vespasiano, vizinha à capital mineira Belo Horizonte, no ano de 1968. Ocorridas em um momento de aprofundamento da proibição da prática do futebol por mulheres no Brasil, que fora vedada expressamente pelo Conselho Nacional de Desportos em 1965, essas disputas articulam-se à mobilização comunitária em favor de uma escola local, bem como à cultura esportiva do lugar. Trata-se de episódio pouco conhecido que ajuda a compreender as formas de organização dessa modalidade, os mecanismos de perseguição a ela e os apagamentos da memória sobre o desempenho dessa atividade atlética por garotas. Para sua elaboração, foram produzidos relatos orais com algumas participantes dos eventos e consultados jornais do período.
Palavras-chave: história do esporte; futebol de mulheres; ditadura; vespasiano.