No primeiro semestre de 2017, o Manchester United, time mais rico do mundo na atualidade (BBC, 2018), oficializou uma parceria com uma organização nãogovernamental do Reino Unido chamada Stonewall. O foco da união visava o desenvolvimento de campanhas e ações em prol da causa LGBT no âmbito do futebol e buscava ainda a ampliação dessa atuação para Premier League, a primeira divisão do campeonato inglês. Este trabalho almeja analisar como a performatividade influencia os traços identitários que o clube cria e reconfigura ao longo do tempo. A escolha desse cenário teórico para o desenvolvimento da pesquisa lida com a perspectiva de Pennycook (2014), embasado pela filósofa Judith Butler, para quem a performatividade configura-se como uma característica de uma virada somática que atingiu as ciências sociais e a linguística aplicada. O objetivo maior desta dissertação é a análise de processos que levam essa equipe, um modelo de gestão dentro e fora do campo para outros times ao redor do globo, a não mais se amparar numa identidade pré-formada, sendo esta performada no dia a dia e dialogicamente intermediada pelos discursos vigentes. De modo mais específico, investigo a entrada do clube inglês em ações voltadas para políticas de gênero. Exploro, sóciohistoricamente, a ascensão ao patamar de clube/empresa em que se encontra atualmente através de produções bibliográficas como fonte de teorização e a análise documental de fontes jornalísticas escritas, imagéticas e audiovisuais oriundas do website do Manchester United, assim como de versões online de tabloides e periódicos esportivos brasileiros e estrangeiros. Ao longo do trabalho demonstro como o clube se modificou e busca afirmar uma nova identidade recorrendo à manutenção de uma boa imagem aos olhos sociais sem se desvincular de sua agenda neoliberal.
Palavras-chave: Futebol. Performatividade. Neoliberalismo. Manchester United. LGBTQI+