Partindo da ideia de que o futebol constitui um campo privilegiado de acesso ao estudo da realidade social, este artigo explora o papel dos média portugueses na perpetuação dos paradigmas eurocêntricos e racistas a propósito do Campeonato Mundial de Futebol realizado na África do Sul, em 2010. Depois de se analisar criticamente o atual estado do debate teórico sobre racismo e futebol, salientando‑se os limites que têm caracterizado a maior parte dos estudos, discute‑se a forma como os meios de comunicação social têm sido problematizados, relativamente à transmissão do racismo e do eurocentrismo. Ao nível empírico, o artigo centra‑se na análise dos discursos dos média, assentes na exaltação dos ‘descobrimentos’ e nas construções da africanidade, a partir das visões dicotómicas razão versus emoção e razão versus corpo. Deste modo, o futebol constitui não só uma metáfora da sociedade, como também produz, reproduz e reifica determinados valores e normas sociais, contribuindo assim para a consolidação do paradigma eurocêntrico e racista.
Palavras-chave: Campeonato de Futebol da África do Sul – 2010, discurso colonial, eurocentrismo, futebol, meios de comunicação social portugueses, racismo