Contar a história da União Soviética não é novidade. A Revolução Bolchevique e suas consequências já foram revisitadas por historiadores, cientistas políticos, economistas, etc. Seja a sintetização de todo o período soviético, sejam recortes cronológicos: as revoluções mencheviques e bolcheviques; os tempos de Stalin; a perestroika e a glasnost’ de Gorbachev; ou até mesmo análises à história do Partido Comunista (bolchevique), que terminou por se confundir com o próprio Estado soviético. Ângulos diversos que foram exploradas ao longo do Século 20 e seguem sendo abordados no Século 21. Porém, como o futebol se desenvolveu no período soviético e de que forma se relacionou com o poder estabelecido, primeiro na transição revolucionária, posteriormente na consolidação do Estado multirracial e multinacional da União Soviética? Popular na Rússia, logo se tornou parte da engrenagem social do Estado Soviético, da máquina revolucionária, transformadora de toda a estrutura social, política e econômica. Bicampeã olímpica, primeira campeã europeia e célebre pelo “cientificismo”, a seleção soviética marcou história. Bem como as rivalidades de seu equilibrado campeonato nacional, que opunha o orgulho ucraniano, Dínamo Kiev, ao clube da NKVD/KGB – Dínamo Moscou -, do imponente exército vermelho – CSKA Moscou -, além daquele que ficou conhecido como o “time do povo”, por não representar diretamente nenhum órgão ou empresa da burocracia Soviética, o Spartak Moscou. Como fenômeno social e cultural que é, olhar para a história do futebol soviético é, também, uma forma de buscar compreender a história desta passagem do Século 20.