Existe, claramente, na relação entre o campo acadêmico e o campo jornalístico uma ojeriza mútua, que acaba por proporcionar uma espécie de diálogo de surdos. De um lado, os jornalistas acusam os intelectuais, com certa razão, da produção de um conhecimento excessivamente hermético, inacessível a maior parcela da população; de um outro intelectuais acusam os jornalistas por produzirem um conhecimento excessivamente superficial porque, embora acessível, acaba por ocultar a natureza complexa da realidade social. Mais do que determinar quem supostamente teria razão neste debate, é importante perceber que tal questão liga-se ao fato de que jornalistas e acadêmicos estão em constante disputa pelo “monopólio da palavra”. No entanto, a resultante do conflito é quase sempre negativa para ambas as partes: aos acadêmicos porque na recusa do diálogo com os jornalistas perdem um importante espaço de atuação junto à sociedade, isolando-se nas torres do academicismo; por outro porque os jornalistas na recusa de diálogo acabam por perder uma importante oportunidade de ampliação de seus conhecimentos acerca do mundo social.